Anagnórise vem de grego e significa “reconhecimento” e tem como função marcar numa narrativa a descoberta de algo.
O termo foi usado pela primeira vez por Aristóteles, descrevendo anagnórise em relação à tragédia clássica. Segundo Aristóteles, o momento ideal para introduzir anagnórise trágica é quando se quer revelar a verdade cruel ao protagonista para que esta provoque efeitos demolidores no seu percurso e no desenvolvimento da história, como por exemplo laços de parentesco até então insuspeitados. Pode acontecer que a verdade seja revelada e ser um choque completo para a personagem mas no desenrolar da história já ser um facto ignorado por ele que acaba por aceitar o seu destino e em consequência ajuda a que este ocorra.
Um exemplo clássico de anagnórise na tragédia grega encontra-se no Édipo Rei de Sófocles, quando Édipo se inteira de que a pessoa que havia matado era seu pai e que sua esposa é sua mãe.
Na comédia a anagnórise é também um recurso frequente: nas obras de Menandro e seus imitadores latinos, abundam personagens que são abandonados em pequenos e criados como membros de uma classe social inferior. Ao estabelecer relação com uma personagem nobre, sua extração humilde pressupõe um estorvo; ao final da obra, se descobre por algum indício (uma marca de nascença, um objeto pessoal que a mãe deixou junto ao bebé) sua verdadeira identidade, e o casal pode unir-se em matrimónio.
Assim podemos concluir que anagnórise pode estar presente tanto na tragédia como na comédia, e em ambos os casos desempenha funções diferentes: enquanto no primeiro (tragédia) provoca a desmoronamento no segundo (comédia) tem efeitos positivos e leva ao triunfo.
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