Segundo o dicionário, Tragédia é uma peça teatral cuja acção é de índole dramática e cujo desfecho é funesto; cena triste; desgraça. Terror é um grande medo; pavor pânico; perigo; o que mete medo. Na minha opinião, estes dois conceitos podem estar relacionados de algumas formas.
Por exemplo, quando nos acontece uma “tragédia” temos sempre medo, porque fomos surpreendidos por uma dada situação ou acontecimento com o qual não contávamos e não gostamos, além de que tememos que se repita. Ou seja, ficamos aterrorizados, o que nos leva a ficar inseguros e em sofrimento, pelo menos durante algum tempo.
Para além dos acontecimentos pessoais de cada um, na actualidade mundial, ainda perduram os efeitos trágicos de uma célebre frase de Osama Bin Laden: “O terror contra a América é louvável porque se destina a responder à injustiça e a obrigar a América a cessar o seu apoio à América, que a todos nos atinge.”
Contudo, tal como a paz de espírito, a felicidade (ou os momentos felizes) e a alegria, a desgraça, o sentimento de perigo e o medo também fazem parte da existência humana e é importante sabermos lidar com isso. Daí que várias formas de arte reconheçam ambos os sentimentos. Por exemplo, no caso do quadro do pintor norueguês Edvard Munch, "O Grito", parece que vemos uma pessoa em desespero, isolada das restantes, soltando um grito que até pode não ser ouvido por ninguém a não ser por ela própria, mas que poderá servir para a “aliviar” de um sentimento de impotência face a uma solução que não encontra para resolver algum problema.
Outra das formas que considero poder relacionar estes dois conceitos é através da escrita. Para além de ter vindo a ser retratada em muitas obras, desde a sátira grega, e ter tido a sua origem no contexto do teatro, refiro o exemplo que nos é dado por Almeida Garrett, na sua obra “Frei Luis de Sousa”, em que o terror ao ser usado na tragédia, tem como função apelar aos sentimentos de piedade e compaixão dos leitores para com as personagens. Nesta obra, pretende-se transmitir um ambiente de tragédia com um desenlace trágico, fatal. Isso é reforçado pelo facto de a acção ser mais sintética do que em outras obras, os personagens serem poucos e nobres, o que nos leva a pressentir que algo irá acontecer.
Ainda no âmbito da escrita, saliento igualmente Camilo Castelo Branco, um escritor ligado ao Romantismo, cujos romances transmitem um clima de tragédia e de fatalismo (características, entre outras, do Romantismo próximo do Realismo), misturados com algum espírito crítico e sátira. A par com esse ambiente trágico e dramático, Camilo Castelo Branco também incluiu em algumas das suas obras rancores, ódios, espírito de vingança, o fatalismo, o que nos leva a pensar que algumas das suas personagens vivessem com o terror de serem vingados por crimes realizados por antepassados.
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