domingo, 23 de janeiro de 2011

Verdade, Amor, Razão e Merecimento

“Verdade, Amor, Razão e Merecimento”

Verdade, Amor, Razão, Merecimento,
qualquer alma farão segura e forte;
porém, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte,
têm do confuso mundo o regimento.

Efeitos mil revolve o pensamento
e não sabe a que causa se reporte;
mas sabe que o que é mais que vida e morte,
que não o alcança humano entendimento.

Doctos varões darão razões subidas,
mas são experiências mais provadas,
e por isso é melhor ter muito visto.

Cousas há i que passam sem ser cridas
e cousas cridas há sem ser passadas,
mas o melhor de tudo é crer em Cristo.
Este é um soneto da autoria de Camões que visa fazer um contraste entre os valores que considera fundamentais; Verdade, Amor, Razão e Merecimento, e os que, pelo que autor observa, erradamente abundam e pelos quais o mundo se rege; Fortuna, Caso, Tempo e Sorte. Os primeiros valores apontam para uma vida santa e honesta, e os segundos para uma vida em busca da sorte. Podemos perceber que o sujeito poético encontra então, um conforto na religião, “…o melhor de tudo é crer em Cristo.”A fé, na opinião do autor, é a solução para o desconcerto do Mundo, e ao sentir-se angustiado prende-se à visão religiosa que pensa ser a solução para a sua infelicidade. Sente que há algo melhor, em algum lugar, para além desta desordem em que o Mundo se encontra.
Maria João

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Esparsa Sua ao Desconcerto do Mundo

Esparsa Sua ao Desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo de graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando assim alcançar
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
Luís de Camões

Camões é, provavelmente, o maior poeta português de sempre.
Embora seja largamente conhecido pela sua obra épica “Os Lusíadas”, a Lírica camoniana mostra-nos que Camões é “muito mais que os homens” (Flor Bela Espanca).
Este poema, classificado como redondilha, foi recolhido da edição de Estêvão Lopes, de 1598. Embora grande parte dos poetas escreva sobre o amor, a arte, a beleza, Camões marca a sua obra Lírica com a sua posição filosófica.
Relativamente à interpretação do poema, designado “Esparsa Sua ao Desconcerto do Mundo”, muito embora seja relativamente curto, opino que diz mais que muitos livros repletos de palavras. Como ponto prévio na abordagem do poema realço que em todas as sociedades existe o bem e o mal; o justo e o injusto. Saliento ainda que Camões é clássico, e este facto implica intemporalidade.
Na reflexão de Camões (neste poema) a ordem social instituída é injusta, por isso diz que o Mundo está desconcertado. O que seria justo era os bons serem recompensados e os maus serem castigados. No entanto, não é isso que acontece. Os bons sofrem e vivem num mundo de “graves tormentos” e os maus acabam por conseguir tudo o que querem vivendo assim num “mar de contentamentos”.
O poeta tenta alcançar o “bem tão mal ordenado”, que é o mal, para se inserir na ordem social desconcertada e assim receber o bem e encontrar-se também num “mar de contentamentos”.
Esta foi uma tentativa falhada, pois ao ser mau o poeta foi logo castigado. Porquê?
Apesar de ter feito o que fazem os maus, ele não acreditava no que estava a fazer. E quem não acredita no que faz não pode ser bem sucedido. As pessoas genuinamente boas não conseguem ser más, pois vai contra os seus valores éticos e morais. O poeta concluiu então que só para ele é que “anda o mundo concertado”.

Mariana Dinis nº17 10ºE

Esparsa Sua ao Desconcerto do Mundo

Este é um poema constituído por uma estrofe e dez versos sobre o bem e o mal, sorte e azar. O que o autor quer transmitir é que, ao observar o Mundo, verifica que as boas pessoas são aquelas que mais sofrem e que têm menos sorte, e as más pessoas não passam por situações desagradáveis, são as mais afortunadas, daí o título “Desconcerto do Mundo”. Possivelmente o autor, ao sentir-se em baixo, descontente, ao ver esta desordem no mundo, e ao tentar alcançar a sorte e a felicidade, fez algo de errado, ingenuamente pensando que conseguiria assim alcançar um estado de contentamento sem sofrer qualuqer consequência negativa. O que sucedeu foi precisamente o contrário da desordem, foi castigado, dizendo assim, que para si, o mundo estava então concertado.
Maria João

domingo, 16 de janeiro de 2011

"Esparsa Sua Ao Desconcerto Do Mundo"

Camões tinha uma certa sensação de desconcerto no mundo. Tudo está ao contrário. Os maus é que estão bem, os bons estão mal. Isto pode ser visto noutro poema do mesmo, um soneto, “Verdade, Amor, Razão, Merecimento”.
Na primeira metade do poema, encontramos o que Camões nos demonstra ser o desconcerto do mundo:
“Os bons vi sempre passar/No mundo graves tormentos/E para mais me espantar/Os maus vi sempre nadar/Em mares de contentamentos.” 
Os efeitos estão trocados, daí o desconcerto. Enquanto que os bons, ao serem benevolentes, serem seres que praticam o bem, mereceriam os tais mares de contentamentos de que o poema fala, mas ao serem benevolentes e essencialmente bons, estes passam por graves tormentos. Ao invés, os maus, seres cruéis, que praticam o mal ou acções maléficas, recebem lucros e contentamentos em vez de serem castigados ou repudiados pelas suas acções. O bem e o mal são dois conceitos opostos que teriam repercussões adequadas, mas em vez disso, o mundo está desconcertado.
Ao compreender isto, o poeta foi experimentar o mal, esperando ter bons resultados como os maus, mas ao ser bom, o facto de ter “practicado” o mal causou reacções no seu meio envolvente, pois provavelmente o meio envolvente não o reconhecia como um ser mau e para a acção não se repetir, o poeta foi castigado.  Para as suas acções, o a ordem do mundo está correcta, mas o efeito que se fez sentir não era o desejado, pois o poeta queria livrar se dos tais tormentos, e o que fez, foi arranjar mais.


Verdade, Amor, Razão, Merecimento,

Verdade, Amor, Razão, Merecimento
Qualquer alma farão segura e forte;
Porém, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte
Têm do confuso mundo o regimento.

Efeitos mil revolve o pensamento,
E não sabe a que causa se reporte;
Mas sabe que o que é mais que vida e morte,
Que não o alcança o humano entendimento.

Doutos varões darão razões subidas;
Mas são experiências mais provadas,
E por isso é melhor ter muito visto.

Cousas há i que passam sem ser cridas
E cousas cridas há sem ser passadas...
Mas o melhor de tudo é crer em Cristo.

Rui Silva

"Esparsa Sua ao Desconcerto do Mundo"

Neste poema, “Esparsa Sua ao Desconcerto do Mundo”, podemos dizer que se confrontam dois temas: a maldade e a bondade; e a sorte e o azar.
A maldade e a bondade são duas coisas completamente opostas, pois maldade é aquilo que define alguém que tem tendência a praticar o mal, alguém cruel e ruim. Enquanto bondade, é uma qualidade daquele que pratica o bem, que apresenta brandura e benevolência.
O poeta passa a ideia de que as pessoas boas não conseguem ser felizes, devido ao desconcerto em que o mundo se encontra. Estas pessoas, sofrem os azares do mundo, enquanto se esforçam ao máximo para fazer sempre aquilo que se considera correcto. E quando por acaso, uma destas pessoas pratica o mal, geralmente é castigada, pois foge dos seus padrões. Ao tentar fazer sempre o mais acertado, a pessoa não aproveita. No entanto, as pessoas más, vivem sempre contentes e geralmente têm sorte, pois adaptam-se aquilo que consideram a realidade, a sua realidade. Nadando assim em felicidade. Praticam sempre o mal e não correm o risco de sem querer, vir a praticar o bem e ser castigados por isso.
O que o poeta quer para o mundo, é o contrário disto. O poeta deseja que os bons tenham sucesso na sua vida e que aos maus aconteça o oposto, que tenham azar. Mas as coisas nem sempre são como nós queremos.
Nos últimos 5 versos, o poeta fala de como foi castigado por praticar o mal. Eu acho que o que o poeta tenta fazer é mostrar o seu lado mais negro, sendo no entanto uma pessoa de bem. Por esse motivo, a sua tentativa de tentar ver o mundo de outro modo, leva-nos a perceber que a maldade em si (no poeta) não existe.
Podemos portanto concluir que a justiça é cega. É cega pois não quer ver aquilo que se encontra exactamente à sua frente. Muitas vezes, aqueles que praticam um pequeno delito são logo “crucificados”, enquanto aqueles que cometem grandes delitos, levam apenas uma pequena repreensão. Por esse motivo, o poeta dá a entender que as pessoas boas não se conseguem livrar de tristezas.

"Esparsa Sua ao Desconcerto do Mundo"

Neste poema temos presente a opinião do poeta em relação à maldade e à bondade. Maldade é uma qualidade daquele ou daquilo que é mau, é uma atitude ou acção de quem faz o mal, crueldade mas a bondade é precisamente o contrário. Bondade é a inclinação para fazer o bem, é a qualidade do que é bom.
O poeta acha que o Mundo está desconcertado pelo facto de as pessoas más viverem com sorte e com uma boa adaptação à realidade.
Apesar de ser um ser humano, o poeta tenta livrar-se das tristezas, invertendo o papel, tentando ser alguém terrível mas mesmo assim não consegue a felicidade tão sonhada.
Assim, para o poeta, o Mundo só estará concertado se os bons forem bem sucedidos e os maus tiverem azar.

Esparsa Sua ao Desconcerto do Mundo

Este é um poema constituído por uma estrofe e dez versos sobre o bem e o mal, sorte e azar. O que o autor quer transmitir é que, ao observar o Mundo, verifica que as boas pessoas são aquelas que mais sofrem e que menos sorte têm, e as más pessoas não passam por situações desagradáveis, são as mais sortudas, daí o título “Desconcerto do Mundo”. Possivelmente o autor, ao sentir-se em baixo, descontente, ao ver esta desordem no mundo, e ao tentar assim alcançar a sorte e a felicidade, fez algo de errado, ingenuamente pensando que conseguiria assim alcançar um estado de contentamento sem sofrer qualquer consequência negativa. O que sucedeu foi precisamente o contrário da desordem, dizendo assim, que para si, o mundo estava então concertado.
Maria João