segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sentimento de Culpa e Remorso

Sentimento de culpa de remorso na personagem Madalena.
      Começo este texto explicitando os conceitos de culpa e remorso:
O sentimento de culpa é o sofrimento adquirido depois da avaliação de um procedimento considerado criticável. Há também outra definição para sentimento de culpa: quando se viola a consciência moral pessoal, ou seja, quando pecamos e erramos.
O Remorso é a reprovação da consciência que sente haver cometido uma imperfeição. O remorso é mais forte que a tristeza e implica um estado de longo prazo. Ao mesmo tempo sugere um grau de renúncia, o que atribui ao remorso um certo grau de dignidade.  
Na personagem Madalena, de Frei Luís de Sousa, podemos certamente afirmar que estamos perante uma personagem que vive em torno destes dois sentimentos, porém todas as outras personagens seguem este mesmo padrão.
No seu caso específico deve-se ao amor, é por amor que ela sente estes remorsos e culpa. Ela casa com D. João de Portugal sem nunca o ter amado, tendo um amor Manuel de Sousa Coutinho. Com o desaparecimento de D. João na Batalha de Alcácer Quibir ela vive num constante medo que ele regresse, porém não acredita no mito de D. Sebastião "D. João ficou naquela batalha... com a flor da nossa gente" - acto I cena II. Madalena manteve-se sempre fiel ao seu marido devido à sua posição social e tinha portanto de manter a sua dignidade. É mais precisamente no acto II cena X que presenciamos Madalena e o Remorso do pecado do passado: «Madalena - Hoje... hoje! Pois hoje é o dia da minha vida que mais tenho receado... que ainda temo que não acabe sem muito grande desgraça... É um dia fatal para mim: faz hoje anos que... que casei a primeira vez; faz anos que se perdeu el-rei D. Sebastião; faz anos também que... vi pela primeira vez a Manuel de Sousa.
Jorge - Pois contais essa entre as infelicidades de vossa vida?
Madalena - Conto. Este amor - que hoje está santificado e bendito no Céu, porque Manuel de Sousa é meu marido - começou com um crime, porque eu amei-o assim que o vi... e quando o vi - hoje, hoje... foi em tal dia como hoje! - D. João de Portugal ainda era vivo. O pecado estava-me no coração; a boca não o disse... os olhos não sei o que fizeram; mas dentro da minha alma eu já não tinha outra imagem senão a do amante... já não guardava a meu marido, a meu bom... a meu generoso marido... senão a grosseira fidelidade que uma mulher bem nascida quase que mais deve a si do que ao seu esposo. Permitiu Deus... quem sabe se para me tentar?... que naquela funesta batalha de Alcácer, entre tantos, ficasse também D. João...»

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