O livro “Alice no País das Maravilhas” conta-nos a história de uma rapariguinha chamada Alice que cai dentro da toca de um coelho que se encontra atrasado para um compromisso. Este livro é um confronto entre várias ideias que devem ser aprofundadas. A ideia de como a justiça é abordada ao longo de todo o livro agradou-me particularmente. Nesta obra a justiça é retratada como algo que ocorre em função de um sujeito que é superior (seja em tamanho, seja em poder ). Está patente ao longo do livro que a justiça nem sempre é justa, e talvez isso tente demonstrar uma realidade que existe no mundo em que vivemos e nas situações que enfrentamos no nosso dia-a-dia. A justiça é feita em função de quem convém, de quem tem mais meios de a pagar e de se apoderar dela. O conceito de justiça aplica-se quando temos a necessidade de resolver problemas da melhor maneira possível e de uma forma totalmente igual. A justiça apareceu para sublinhar a ideia de que todos têm os mesmos direitos e todos têm o direito de usufruír destes mesmos. Por isso, na minha opinião, a justiça é algo injusto, mas algo indispensável no nosso quotidiano. O que era de nós sem a justiça? Em diversas situações sentimo-nos injustiçados, quando algo não nos corre da melhor maneira possível, mas e se esta não existisse? Talvez não fosse possível governar o Mundo e tentar manter uma estabilidade, pelo menos aparente. Ao ler o livro reflecti sobre esta ideia e associei bastante a forma de justiça representada no livro com a forma de justiça com que nos deparamos ao enfrentar diversas situações. A justiça no Mundo real está explícita tanto nos tribunais em grandes casos, como num simples sermão que não foi merecido e que foi, deste modo, injusto. Desde cedo, que nos é imposta uma ideia pré concebida e uma definição totalmente elaborada daquilo que pode ser a justiça. Mas será que esta existe mesmo? Ou é uma simples farsa que o ser humano inventou para se mostrar capaz de algo? No livro, quem exerce a justiça e assume o comando desta mesmo, é o ser que se apresenta com maior poder sobre um outro, uma maior grandeza. E esta ideia de justiça é-nos demonstrada pelo gato e pelo rato, quando o gato tenta comer o rato apenas porque tem um maior tamanho. Mostra-nos a prepotência que pode existir por trás de uma ideia de justiça, que, por vezes, aquilo a que nós chamamos de justiça nos remete para uma ideia de que e esta não existe e, se existir, não é aplicada de acordo com determinados padrões que se mostram ser essenciais.
A justiça ou injustiça, está também presente no julgamento do Valete quando a rainha o acusa sem ter qualquer prova, ou qualquer fundamento concreto. As provas que parecem neste julgamento, comprovam apenas que o Valete está totalmente inocente relativamente ao roubo das tartes. E, a rainha, mesmo com todas as provas bem visíveis aos seus olhos, insiste que foi o Valete quem as roubou. A rainha tem o total direito de julgar, porque está acima de todos, mas deveria saber como o fazer, e agir segundo a conduta da justiça e não apenas por puro egoísmo. A rainha decide acusar o Valete sem quaisquer provas, apenas garantindo aquilo que se chama o seu “bem-estar pessoal”. Esta, mesmo sem qualquer argumento, acusa um inocente de um crime que não fora cometido por este? E será que o Mundo real é assim tão diferente? A rainha tem o poder e usufruí deste sem qualquer explicação, simplesmente porque é isso que a faz sentir bem consigo própria. Alice fica indignada com este julgamento mal constituído da rainha e revolta-se. Apesar de pequena, Alice já tem uma noção das atitudes que se devem tomar perante situações que surgem e sabe como agir de acordo com os padrões, ao contrário da rainha, que toma uma posição extremamente egoísta e injusta. Na minha opinião, estas são as duas passagens mais significativas quando se retrata a justiça e a influência que esta pode ter. A justiça é importantíssima, mesma que não justa. Esta, serve para uma melhor organização da sociedade, e foi imposta para uma igualdade entre todos os cidadãos. Mesmo que, por vezes, estes não sejam tratados de forma igual e não tenham os mesmos direitos. E é essa a ideia que aproxima um livro totalmente fictício de um mundo real, a justiça é feita em função do poder com que cada um pode contar.
Marta Barata
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