“As Aventuras de Alice no País das Maravilhas”, escrita por Lewis Carroll aborda vários assuntos de uma forma pouco directa e diferente da nossa realidade e maneira de ver e lidar com a vida. O livro leva-nos a um mundo que nós consideramos diferente do nosso e até mesmo estranho. O extraordinário é algo de normal, algo inquestionável. Ao longo de toda esta obra encontramos conceitos, peripécias, personagens que não são aquilo que consideramos realidade, mas na verdade não é por algo ser diferente ou não ser igual ao que é nosso que se torna inexistente e insignificante. Isso faz deste mesmo tema algo curioso porque percebemos que todos nós temos pontos de vistas, opiniões e criticas a fazer diferentes ao longo da vida. Um dos assuntos que mais ouvimos abordar nesta obra é a ‘Justiça’, mas é uma definição completamente diferente da definição que para a nossa realidade é dada. Ao longo da história da Alice no País das Maravilhas podemos observar que a sua teoria de justiça é bastante relativa e condicionada, fútil e vago não sendo a mesma para todos e muito menos distribuída de igual forma. Quem mandava nesse mundo era quem possuía mais poder e maior importância o que levava a desfavorecer as restantes pessoas sendo ela iguais e merecendo os mesmos direitos. Apesar de acharmos que a Justiça na Alice no País das Maravilhas não ser a mais correcta e a mais justa, na minha opinião não podemos por em causa a forma como ela mesmo é aplicada na história porque nem todos temos de reger pelos mesmos princípios e ideias, sendo para eles uma justiça correcta e com todo o sentido e sendo a nossa completamente absurda e sem cabimento nenhum. Algo que também podemos observar é que o papel de ‘Justiça’ na obra é apenas condenar sem por hipóteses de haver perdão ou segundas oportunidades. O conceito de justiça é aquilo que as leis e os costumes de uma cidade ponderam favoráveis para o bem-estar da comunidade e neste mundo, o bem-estar é apenas para alguns. No livro encontramos três capítulos que abordam com pormenor a justiça e as suas condições.
Uma é no capitulo III, “A Corrida Presidencial e uma História Comprida’, e nos capítulos XI e XII, “Quem roubou as tortas?” e “O depoimento de Alice”.
O capitulo III o Rato conta a sua história a Alice e é uma teoria de Justiça que é tratada como um meio para a cadela Fúria conseguir alcançar o seu grande e único objectivo, que é comer o rato. Fúria serve-se da teoria de justiça perante o Rato para um crime que este não cometeu. Seria esse mesmo o julgamento em que a cadela Fúria faria o papeis de juiz e jurada, e que, logo à partida, o rato seria condenado e considerado culpado, sendo então uma justiça sequestrada e desvirtuosa. Neste exemplo podemos perceber que acaba por ser uma justiça pouco justa, sendo uma teoria que não está em conformidade com a verdade sendo ela o intermédio para a realização dos interesses pessoas da Cadela Fúria.
O capitulo XI e XII, é o julgamento do Valete em que o Rei e a Rainha o acusam de ter comido as tardes todas da Rainha. Alice é uma das muitas personagens que tem de prestar depoimento. Enquanto está sentada e à espera Alice começa a crescer e a aumentar significativamente de tamanho o que lhe dava a transmitir mais confiança e força de si mesma. Após essa transformação Alice diz tudo o que acha e sente, sendo antes incapaz de fazê-lo. Esse acto apesar de justo não foi o mais correcto porque esta não soube usar os argumentos de uma forma positiva, desrespeitando os outros dizendo tudo o que quer sem ter cuidado com as suas palavras e com os seus superiores, o Rei e a Rainha.
Podemos então concluir que apesar de termos bem a noção do que para nós é Justiça e que precisamos dela para haver um bom funcionamento no País e perante todos os cidadãos, pode haver conceitos de Justiça diferentes e sendo eles correctos também. Podemos ver também que ao longo da vida há coisas que nos parecem ser injustas e acabam por ser justas para outros e por vezes para serem justos connosco temos que cometer injustiças para com os outros. Dificilmente conseguimos agradar todos de igual forma.
Inês Carrasco
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