O inicio do conto retrata uma rapariga de nome Alice que está no jardim a ter uma lição de Literatura com a sua irmã. Subitamente Alice adormece e começa sonhar, imaginando diversas coisas e personagens inexistentes na vida real as quais têm significados subentendidos. Alice no País das Maravilhas também pode ser entendido como um conto que retrata a vida de uma adolescente na sua fase de transição de criança para adulto, indicando certos valores morais ao longo da história.
Uma das ideias que este conto pretende transmitir, é a ideia de justiça. O conceito de justiça pode-se considerar como relativo, pelo facto de uma situação poder ser considerada justa para uns e injusta para outros. Ora, é isso mesmo que acontece neste conto. É no capítulo III no qual o Rato conta uma história a Alice pretendendo demonstrar-lhe a razão pela qual não gostava de cães. Nesta história o Rato relata que um dia, quando Fúria (uma cadela) o encontrou no quintal acusou-o de injúria capital e como deveria ser castigado, sendo julgado no Tribunal. Entretanto, o Rato repara que não havia nem juiz, nem jurado para resolver este caso e Fúria não tardou a apresentar-se como juiz e jurada. Num caso normal, tal nunca poderia acontecer, pois seria considerado injusto. No entanto, no País das Maravilhas foi aceite. Aqui se pode observar um dos casos onde a ideia de justiça é diferente, pois sob o meu ponto de vista esta situação em que a cadela colocou o Rato é totalmente injusta, enquanto que no País das Maravilhas já é considerado justo.
Outra situação onde se pode verificar a diferença entre a justiça no real e no País das Maravilhas é no capítulo XI onde o Valete é acusado pela Rainha de roubar as suas tartes injustamente, pois na verdade, ele não tinha cometido tal acção. Mesmo assim, o Valete foi a Tribunal apesar de não existirem quaisquer provas ou testemunhas.
E não só estas duas situações, mas também o facto de sempre que alguém errava ou fazia algo contrariando o que a Rainha queria e dizia, era imediatamente mandado decapitar.
Podemos então verificar, que nas situações não há qualquer sentido de justiça. A justiça deve respeitar certas leis as quais estão estipuladas numa Constituição. No entanto, no País das Maravilhas, não há esse tipo de Justiça.
As diversas diminuições e aumento de tamanho de Alice representam a entrada de Alice na adolescência o que leva a uma instabilidade emocional.
No primeiro capítulo Alice diminui quase até desaparecer o que fez com que se sentisse insignificante. Mais tarde apesar de aumentar de tamanho ainda não se sente satisfeita pois entende que, à medida que se cresce existem mais responsabilidades. No entanto, já no final do conto, Alice cresce bastante (nomeadamente no capítulo do julgamento), sentindo-se mais confiante devido às experiências vividas ao longo do conto.
No capítulo onde o pescoço de Alice cresce, a sua capacidade de observação torna-se mais ampla. A mudança de criança para adolescente, traz também uma nova visão sobre a vida, uma nova maneira de pensar e de agir.
Alice depara-se então com uma constante mudança de tamanho, o que representa o seu crescimento, fazendo-a entender juntamente com outras situações que ocorrem ao longo do conto que já não é mais uma criança, mas sim uma adolescente.
Alice também é submetida a questões sobre quem é, como por exemplo podemos observar no capítulo X, onde a Lagarta começa a fazer perguntas a Alice sobre a sua identidade, fazendo Alice duvidar de si mesma ficando num estado confuso típico da adolescência. Podemos então dizer que Alice se deparou com uma crise de identidade, pois com tantas mudanças (tanto físicas como psicológicas), começa a ter dúvidas acerca daquilo que é e acerca de quem é. É também na adolescência que muita gente se depara com este tipo de situações.
Podemos concluir então que isto não é só uma história para crianças, antes pelo contrário. É uma questão sobre o que é a realidade, onde Alice deixa o seu confortável mundo e vai para um mundo onde vai para a imaginação e a fantasia, embora sendo essencialmente uma história sobre as mudanças da adolescência bem como as crises emocionais e de identidade.
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