Tese do livro ‘Alice no País das Maravilhas’
Na história presente no livro ‘Alice no país das Maravilha’ de Lewis Carrol temos um mundo diferente do nosso onde tudo é estranho, diferente e inimaginável, onde até as pessoas cabem numa toca de um coelho. Neste mundo os animais e os objectos comportam-se como os humanos e o tempo e o tamanho físico das coisas é bastante relativo. Mesmo assim, Alice vive o mundo real enquanto está sentada á beira do rio com a sua irmã. É neste local que adormece e que sonha toda a aventura no mundo visto pelas crianças.
Durante toda a história Alice enfrenta o medo, as ameaças, as obrigações e a violência onde os mais pequenos e fracos estão mais vulneráveis aos problemas. Esta rapariga sente-se bastante revoltada com tudo e com todos pois tudo é diferente o que a impede de agir de acordo com as regras da sociedade. Alice repara nas diferenças dos dois mundos e isso não a afasta da curiosidade, até a faz ficar mais curiosa com tudo e tentar descobrir e a reflectir sobre elas e sobre o seu mundo de origem. Enquanto Alice reflecte e tenta entender o mundo em que se encontra aparecem novas personagens e ao mesmo tempo mais problemas como o facto de diminuir quando quer passar a porta, de perder o senhor coelho porque encontra Dodo, conseguir diminuir para sair de dentro de casa do senhor coelho, entre outras. Neste mundo tudo o que Alice quer ou deseja acontece, pois temos o exemplo de Alice querer passar para o outro lado e consegue, quer diminuir de tamanho para sair de casa do coelho e consegue, entre outras.
Alice mostra ser uma criança muito inteligente, esperta e dotada pois em toda a história tenta dar concelhos a si mesmas, utiliza também palavras caras mas muitas vezes não sabe o verdadeiro significado delas mas utiliza-as porque lhe parece serem palavras importantes. Ao contrário de Alice, para as outras personagens o uso de palavras caras não é importante mas sim o seu significado. Uma das raras palavras mais caras que uma das personagens diz é ‘Justiça’. Esta palavra está presente na explicação que o rato dá aos outros animais e a Alice por não gostar de gatos e cães. Justiça é a acção ou poder de julgar alguém, punindo ou recompensando e na minha opinião, não existe justiça neste poema. A Fúria vai julgar o Rato como juiz e jurada, ou seja, o Rato vai ser julgado apenas por um animal e não terá hipóteses de não ser condenado. O julgamento irá proceder como a Fúria quiser e a pena será a que ela decidir. De acordo com a definição de justiça a Fúria não está errada, certamente que tem o poder de julgar alguém mas isso não é justo. Esta palavra volta a aparecer no julgamento final onde o objectivo é obter justiça mas, mais um vez, existem diferenças entre os dois mundos. Neste mundo irreal todos são culpados, mesmo que as provas provem o contrário, no nosso mundo as pessoas são inocentes mesmo que as provas provem o contrário. No último julgamento está presente mais uma grande diferença entre os dois mundos que é o facto de o Rei ser o juiz mas quem decide qual será a sentença é a Rainha. A Rainha não necessitava de muita imaginação para pensar qual seria a sentença para cada um pois para ela seria sempre ‘Cortem-lhe a cabeça!’, qualquer que fosse o caso a sentença era sempre a mesma e toda a corte obedecia e levava logo essa pessoa para lhe cortarem a cabeça.
Assim, podemos ver que o autor, Lewis Carrol, não escreveu uma história sucinta pois dá ênfase a todos os pormenores existentes na história e a todos os problemas com que Alice se depara. Esta história não tem uma ordem de peripécias, vão acontecendo de acordo com as personagens que vão aparecendo e com o meio onde Alice se encontra, mesmo que não tenham nada a ver com o objectivo da sua visita àquele mundo – inicialmente, Alice queria seguir o coelho branco que tinha um colete com um relógio e umas luvas mas com o passar do tempo o seu objectivo mudou e passou a ser encontrar o caminho de volta para casa.
Como já disse anteriormente, Alice enfrentou medo, as ameaças, as obrigações e a violência com as experiências que passou durante todo o sonho, assim, descobriu coisas novas e novas personagens e isso vez com que descobrisse mais sobre si mesma.
Durante toda a obra está presente uma pergunta que Alice não consegue responder – Quem és tu?. Alice não consegue responder a esta pergunta a partir do momento em que tenta passar a porta e muda de altura. Ao longo de toda a história Alice aumenta e diminui de tamanho muitas vezes o que faz com que não saiba dizer quem é, apenas sabe quem era antes de entrar na toca do coelho. Quase todas as personagens lhe perguntam ‘Quem és tu?’ e Alice nunca sabe responder e isso faz com que fique bastante chateada e irritada. O facto de Alice estar sempre a aumentar e a diminuir de tamanho contribui para encher toda esta história cheia de novas personagens e peripécias.
Em toda esta obra existem várias coisas que não fazem sentido, como a alteração constante de tamanho – pois normalmente as pessoas não mudam de tamanho como Alice mudou -, o lanche de chá – pois existia um chapeleiro e uma lebre, onde se celebrava sempre o aniversário -, o jogo de croquete entre a rainha e Alice – pois as bolas eram ouriços e os malhos flamingos que só se esticavam quando era a vez da Rainha jogar -, a aparência e a atitude das pessoas – a mudança radical do bebé para um porco e o facto da Duquesa chamar porco ao bebé e da cozinheira atirar panelas e frigideiras para o bebé se calar -, o facto de o gato de Cheshire desaparecer e aparecer -, entre outras.
Durante a leitura desta obra muitos colegas meus punham a questão ‘Será esta história adequada a crianças?’. Realmente, lida não é muito adequada pois é uma obra bastante interessante, tem muitos pormenores e problemas que nos fazem reflectir e que enquanto lida por uma criança não se dá tanto valor a isso, se for vista num filme já é adequada pois devido á aparência das personagens os pormenores da história ficam com menos ênfase.
Em suma, podemos dizer que com este sonho Alice cresceu bastante mentalmente e que amadureceu desde o inicio até ao fim do livro.
Margarida Miguel Moreira Gomes
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