Baco (equivalente ao Deus Grego Dionísio), o principal opositor dos heróis portugueses, vendo que os portugueses estão prestes a chegar à Índia, alegando com honestidade a razão da sua presença, resolve pedir ajuda a Neptuno, que convoca um Consílio dos Deuses Marinhos de forma a apoiar Baco, ordenando a Éolo que solte os ventos e faça afundar a armanda.
Surge assim uma terrível tempestade no mar chamando a atenção do mestre que utiliza o seu apito para alertar os outros marinheiros. Era de tal forma poderosa que depressa destrói tanto a vela como o mastro, alargando-se por todo o navio.
O mestre ordena alguns homens para darem à bomba de forma a evitar o naufrágio enquanto que outros três correm para o leme, não conseguindo mesmo assim manejá-lo. «Três marinheiros, duros e forçosos/ A menear o leme não bastaram;»
Os portugueses encontravam-se agora à mercê de Neptuno furibundo e dos ventos quadrantes que mais pareciam estar-lhes a abrir a porta para o Inferno. «Agora sobre as nuvens os subiam/As ondas de Neptuno furibundo;/Agora a ver parece que deciam/As íntimas entranhas do Profundo./Noto, Austro, Bóreas, Áquilo»~
A Natureza nesta fase do Canto era de tal forma agressiva que é realizada uma comparação com os deuses ao referir que nem outrora os deuses foram tão violentos como esta tempestade.
Vasco da Gama começa a sentir o seu desejo de chegar ao destino a desvanecer-se, decide começar a rezar.
Mais uma vez é Venús que ajuda os Portugueses, mandando as Ninfas seduzir os ventos para os acalmar. Dissipada a tempestade, a armada avista Calecut e Vasco da Gama agradece a Deus.
Relacionado com o facto dos portugueses terem conseguido ultrapassar todos os obstáculos ao longo da sua viagem, conseguindo assim chegar ao seu destino, está o conceito de recompensa. Os marinheiros, que nunca agiram por valores como a honra e o dinheiro, receberam a imortalidade por parte do povo como recompensa aos seus feitos. Desta forma, os portugueses que partiram à busca da Índia nunca serão esquecidos, recebendo o seu verdadeiro valor, o mérito pelas suas acções.
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