As estrofes 31-35 do Canto V dos Lusíadas têm como assunto
principal uma personagem, Fernão Veloso. Fernão Veloso foi um marinheiro
português, que acompanhou Vasco da Gama na viagem de descoberta do caminho
marítimo para a Índia.
Nos Lusíadas, este personagem é descrito como aventureiro,
fanfarrão e pouco dado a feitos históricos.
Ao atracarem na costa africana, os portugueses fizeram contacto
com os nativos. Um Etíope convida Fernão Veloso a conhecer o local, que o
acompanha sem qualquer preocupação, ignorando o perigo. «É Veloso no braço confiado, E de arrogante crê
que vai seguro». Depressa se arrepende pois é perseguido por um grupo de
africanos e vendo-se sozinho e sem ninguém para o ajudar, é forçado a regressar
ao navio. «Mais apressado do que fora, vinha.»; «Veloso, sem que alguém
lhe ali ajudasse;Acudo eu logo, e enquanto o remo aperto,/Se
mostra um bando negro descoberto.»
Quando regressa ao navio, é alvo de chacota por parte dos companheiros por ter entrado terra adentro com tanta confiança. «Começando-se todos a sorrir)-"Ó
lá, Veloso amigo, aquele outeiro,/ É melhor de descer que de subir.» Ao
que Fernão Veloso responde, procurando manter a sua postura de herói, afirmando
que correra à frente dos nativos por se ter lembrado que os seus companheiros
estavam ali sem a sua ajuda «- "Sim, é, (responde o ousado aventureiro/Mas
quando eu para cá vi tantos vir/ Daqueles
cães, depressa um pouco vim,/ Por me lembrar que estáveis cá sem mim».
Este episódio é assim marcado pelo humor e ironia da situação mas
também é importante na medida em que expõe a hostilidade com que alguns povos
nativos receberam os viajantes.
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