terça-feira, 16 de outubro de 2012

Episódio de Leonardo | Valor Simbólico do Casamento



Episódio de Leonardo

Neste episódio dos Lusíadas, que decorre das estrofes 75-84 do Canto IX, Leonardo, um soldado, é descrito como bem disposto, mas como não sendo afortunado no que tocava ao amor. Porém, a estrofe 75 indica-nos também que a sua sorte poderia vir a mudar.

“Leonardo, soldado bem disposto,
Manhoso, cavaleiro e namorado,
A quem amor não dera um só desgosto,
Mas sempre fora dele maltratado,
E tinha já por firme pressuposto
Ser com amores mal afortunado,
Porém não que perdesse a esperança
De ainda poder seu fado ter mudança.”

Numa primeira análise, podemos observar Leonardo como uma típica descrição de um “eterno apaixonado”. Mesmo que o amor lhe tenha trazido tantas desventuras, Leonardo continua determinado e perseverante. Neste episódio, Leonardo persegue a ninfa Efire, e vendo que o seu fado habitual se repetiria, Leonardo implora a Efire que pare e se renda, tal como as restantes ninfas. 

“Todas de correr cansam, Ninfa pura,
Rendendo-se à vontade do inimigo.”
 
Leonardo ainda apela a Efire, mostrando se verdadeiramente desesperado, e tenta fazer com que Éfire pense que “a ela não lhe custaria nada e só seria bom para ele”

“O que tu só farás não me fugindo!”

Efire acaba por ter alguma “pena” do desgraçado, após este ter debitado toda as suas desventuras amorosas, e acaba por se render. 

“Cair se deixa aos pés do vencedor,
Que todo se desfaz em puro amor.”

Este episódio só nos demonstra que mesmo quando algo corre mal, há que ser perseverante e determinado e continuar a insistir, sem desistir, até ao ponto em que já não conseguimos mais. Pois mesmo quando é hábito algo correr-nos mal, existe sempre a esperança de que desta vez possa correr bem.


Valor Simbólico do Casamento

Vivemos num país cristão e católico. É verdade que já o fomos mais, e que cada vez isto se torna algo secundário, pois grande parte dos jovens de hoje em dia ou são ateus com fundamentos, ou não ligam de todo a nada, mas ainda existem alguns que por esta religião se regem.
A verdade é que o casamento – não só em Portugal, como também no mundo – já não é o que era.  Ouvimos histórias dos nossos avós, que no Antigo Regime se conheceram, se encontravam às escondidas, e contra tudo e todos lá se casavam e ainda hoje casados continuam. Não quer dizer que connosco não seja possível, mas na sociedade actual o casamento é muito mais um contracto do que um sagrado laço contraído entre duas pessoas. Cada vez mais se dá importância ao casamento pelo registo civil sem uma cerimónia religiosa – não se pode culpar ninguém, todos sabemos que tais cerimónias são algo aborrecidas e a parte divertida só começa quando vamos comer. E como cada vez mais se olha para o casamento como um contracto, cada vez é mais fácil “rasgá-lo”.
Quase um em cada dois casamentos em Portugal acaba em divórcio – a média duração deste contracto é de 10-14 anos. Não nos parecendo um número assim tão mau, esquecemo-nos que segundo os costumes religiosos deste país, o pressuposto é que o casamento dure até ao fim da vida de uma ou de ambas as partes. Já não havendo muitas pessoas a casar, cada vez isto piora mais. Numa instituição que deveria demonstrar a união completa entre duas pessoas, o casamento já começa a ser demasiado “descartável”.
Não acho que seja necessário o casamento para reforçar os laços de um casal, no entanto, acho que é mais uma razão para fazer as relações durar. O meu único pedido aos jovens portugueses seria para olharem para os vossos avós, se ainda os tiverem, e pensarem que também gostariam de envelhecer com uma pessoa. Está certo que as novas gerações serão certamente muito diferentes das dos nossos avós, mas com trabalho arranjar-se-ia uma maneira.

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