Uma viagem... Longa, curta com ou sem destino desperta sempre em todos um sentimento de aventura e descoberta.
Como é óbvio todos temos experiências de viagens. As que se mantêm mais frescas na minha memória eram as típicas idas para o Algarve. Acordar bem cedo, ainda de madrugada, ir para o carro dos pais, ficar cheia de energia durante os primeiros cinco minutos e depois adormecer. Quando acordava estava em Albufeira a entrar noutro sítio, com outro estado de espírito, outra disposição.
Sempre acreditei que cada lugar despertava algo diferente numa pessoa. Por vezes a vida rotineira do mesmo lugar pode desgastar alguém, ver as mesma gente, edifícios, os mesmo caminhos... Isso torna tudo tão regular e a vida nunca deveria regular. Todos merecemos escapar um pouco, daí as viagens. Quer seja uma viagem a outro lugar, a uma memória ou até uma viagem aos confins da nossa mente, isso pode mudar tudo.
É engraçado pensar que precisamos de algo tão supérfluo para dar início à mudança. Mas a verdade é que o que nós éramos antes de uma viagem e o que passamos a ser depois, muda. Por vezes ligeiramente, sendo apenas em memórias ou experiências. Mas às vezes, muito raramente, existe uma viagem que nos muda.
Este ano tive duas experiências do género. Antes das viagens sentia que me faltava algo, uma peça por preencher no puzzle tão incompleto que sou, pois bem quando voltei tinha um sorriso parvo na cara, daqueles sorrisos que ninguém consegue tirar porque eu sabia que se me quisessem tirar tudo, tiravam, mas aquele pedaço de mim e aquelas memórias eram apenas minhas.
Ahh, isso sabe tão bem... Essa renovação pessoal, esse sorriso, essas vivências. O pior era que quando me perguntavam: "Mas porque raio estás assim tão feliz e parvinha?", eu não fazia ideia o que dizer então apenas abria ainda mais o sorriso para todos verem esta menina tão feliz e tão parvinha.
Mantenho essas viagens para mim, à flor da pele. Mas esse "brilho" novo, pós-viagem não dura para sempre. Infelizmente ou felizmente, dependendo do ponto de vista, o meu sorriso parvo desapareceu voltando a vida rotineira.
Adoro viajar sempre adorei, conhecer novos mundos e novas pessoas no entanto este ano descobri que existe uma viagem muito maior a fazer. A viagem em nós mesmos. Eu achava que me conhecia mas a verdade é que essas viagens exteriores também me relembraram que na realidade eu não faço a mínima ideia quem sou.
E essa viagem é a mais importante e atribulada da nossa vida. Essa viagem começou no dia em que abrimos os olhos e acaba no dia em que os fechamos, ou melhor, talvez nem aí... Connosco levamos sempre bagagem. Essa bagagem começa por ser leve no entanto ao longo do tempo acrescentamos peso.
A nossa bagagem acaba por ser a nossa vida todas as vivências, traumas, amores, falhas. Sempre desejei fazer uma viagem sem nada, sem destino, sem bagagem, sozinha. Pois bem, a um nível material é fácil mas essa bagagem, a bagagem da vida, nunca nos abandona a não ser que estejamos em paz, e isso? Aaai, é tão complicado...
Eu ainda não estou pronta para largar a minha mala para o vazio. Esquecer tudo de mau e tudo o que não necessito, talvez nem deveria. Mas a verdade é que eu sou fraquinha e esta mala começa-se a tornar demasiado pesada para mim...
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