Cirurgia Plástica Estética
A cirurgia plástica tem como objectivo a reconstituição de uma parte do corpo humano por razões médicas ou estéticas, desenvolvendo-se sob duas facetas: a cirurgia plástica reparadora e a cirurgia plástica estética. A cirurgia plástica reparadora tem como objetivo corrigir lesões: defeitos congênitos ou adquiridos. A cirurgia plástica estética é realizada com o objetivo de melhorar a aparência de um paciente, sem qualquer intenção de obter alguma melhoria na sua saúde.
Os primeiros casos da cirurgia estética remontam à antiguidade, mas a sua vulgarização só se deu após a Primeira Guerra Mundial. Milhões de soldados que sobreviveram e civís foram mutilados ou deformados horrivelmente, requerendo um tratamento cirúrgico especializado.
Desde então e até ao momento que vivemos, a cirurgia plástica teve uma notável evolução e propagação. No ano de 2010, apenas nos USA, realizaram-se mais de 13 milhões de cirurgias estéticas.
Mas que razões levarão alguém a ir “à faca”? Que motivações poderão mover massas a submeter-se a intervenções cirúrgicas dolorosas e arriscadas?
Qualquer razão é certamente válida, pois seria anti-democrático negar a uma pessoa o “direito de se melhorar”. Mas questiono-me se em todos os casos valerá realmente a pena.
Estudos demonstram que numa primeira impressão, frequentemente são atribuídas caracteristicas de personalidade de acordo com a atratividade de um individuo. A aparência define como cada um é visto e tratado pelo mundo que o rodeia. Assim sendo, a pressão colocada para a correcção das imperfeições físicas de cada um é enormíssima, tanto para um potencial aumento das oportunidades profissionais, como para uma maior selecção de parceiros.
Muitos defendem que uma simples correcção a um nariz demasiado grande pode ter impactos incalculáveis na vida de quem o alterou. O aumento da auto-estima pode facilitar a vida social e consequentemente melhorar as relações interpessoais.
Características fisícas que originaram complexos durante a infância e até bullying, podem ser alteradas, libertando assim o paciente da sua “maldição”.
É certo que outras vantagens podem ser enumeradas, como por exemplo, uma melhoria na respiração após uma rinoplastia.
Contudo, ao contrário do que é comum pensar-se, os riscos de uma cirurgia estética não são reduzidos, podendo ter efeitos catastróficos. Entre estes: infecções, hemorragias, paralisia, lesões nos nervos e em casos mais extremos, mesmo a morte. Uma má cicatrização após a cirurgia, ou uma inadaptação do corpo pode levar a marcas, deformações e muito sofrimento.
Uma cirurgia estética não deixa de ser um procedimento invasivo, durante o qual se corta, fura, estica, dobra, puxa e manipula estruturas do corpo procurando a forma desejada.
Mas os próprios resultados da cirurgia podem ser insatisfatórios, sendo o efeito final pior do que a situação inicial.
É também necessário considerar a extravagância de uma despesa que não pode ser suportada pela maioria das pessoas que a exercem, contribuindo assim para o endividamento de individuos ou familias.
Muitas pessoas recorrem à cirurgia devido às suas inseguranças. Mas estas são maioritariamente psicológicas, persistindo após a operação. Um complexo pode ser reflectido numa característica específica, sendo depois transferido para uma outra. Pode surgir um vício nestes procedimentos, assim como uma infrutífera busca da perfeição.
No entanto, este mesmo conceito de “perfeição” é tão variável, subjectivo e indefinível Concluo então, que o que na verdade é procurado com a maioria destas operações, não é um aperfeiçoamento do indivíduo em si, mas a aproximação a um modelo estereotípico de beleza.
Será correcto mudarmos a nossa própria carne, a matéria fisíca que nos constitui e nos torna únicos na nossa maneira de ser?
Todos os problemas que existiam relativamente à vida pessoal, continuarão a existir após uma mudança estética.
Não nego que uma “limpeza” das imperfeições físicas possa, eventualmente, facilitar em alguns aspectos do quotidiano, embora seja crucial questionar seriamente as motivações específicas que nos levam a fazê-lo.
É irreal pensar que nos tornaremos mais agradáveis, mais interessantes ou apelativos apenas por nos tornarmos mais uma figura esbelta livre de imperfeições.
Será que realmente, o que mais importa na vida é a maneira como nos apresentamos aos outros, ou o impacto que a nossa existência tem na sua vida?
Sofia David
pode dar uma conclusão com propostas concretas e possíveis???
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