sábado, 8 de outubro de 2011

Características do Estilo Barroco

Costumam os autores reduzir a duas as características da literatura barroca: cultismo e conceptismo. Estas características foram entre nós apontadas e exemplificadas por Rodrigues Lobo em Corte na Aldeia e, em Espanha, pelo jesuíta Baltasar Gracián (1601-1658) na obra Agudeza y Arte de Ingenio (1642).

Cultismo
 O cultismo consiste numa sobrecarga de elementos ornamentais na escrita, com dicção pomposa, superlativação e uso de metáforas, hipérboles, perífrases e de outros recursos de expressão puramente verbais, tendentes a salientar a forma, mas contribuindo muito para prejudicar a clareza e concisão de ideias. Numa palavra: é a extravagância dos vocábulos, das frases, da expressão, ou, se quisermos, a fuga à expressão linear e singela dos quinhentistas.

Jogo de palavras.
Com o ludismo de palavras pretendia o escritor barroco causar no leitor um choque à base da surpresa. Para o fazer lançava ambas as mãos à paronímia, à homofonia, aos trocadilhos, a semelhanças puramente casuais e fora de toda a lógica.
Notemos que os poetas procuram impressionar, jogando com a paronímia (Marte e morte, Castelo e Castela), com a semelhança de palavras absolutamente fortuita (bulha e Bulhão) e até com a homofonia (nós cegos e nós, cegos).

Jogo de imagens e de figuras.
O jogo de imagens constroem-no os escritores à base de metáforas acumuladas sobre metáforas, de hipérboles, de contrastes, antíteses, trocadilhos e paradoxos, de repetições e aliterações, de adjectivação encarecedora e enfática.

Jogo de construções.
Outro dos aspectos típicos do cultismo é o ludismo de construção frásica. Os poetas barrocos entretiveram-se com frequência a disporem as palavras em forma de cruzes, de pirâmides e de outras figuras geométricas, entreteceram labirintos (poesias com frases tais que admitem leitura em várias direcções), obrigaram-se a rimas impostas e motes extravagantes, brincaram com a disposição em acrósticos, etc.
No entanto, o jogo de construções mais engenhoso e frequente é a chamada alternância de construção frásica. 

António José Barreiros, História da Literatura Portuguesa

Sem comentários:

Enviar um comentário