Eu que faço? que sei? que vou buscando?
Conto, lugar ou tempo a esta fraqueza?
Tenho eu mais que acusar, por mais firmeza,
Toda a vida sem mais como nem quando?
Se cuidado, Senhor, falando, obrando,
Te ofende minha ingrata natureza,
Nascer, viver, morrer, tudo é torpeza.
Donde vou? donde venho? donde ando?
Tudo é culpa, ó bom Deus! Não ua e ua
Descubro ante os teus olhos. Toda a vida
Se conte por delito e por ofensa.
Mas que fora de nós, se esta, se algua
Fora mais que ua gota a ser medida
C’o largo mar de tua graça imensa?
D. Francisco Manuel de Melo
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