sábado, 8 de outubro de 2011

A Prosa Barroca

«De uma maneira geral, as características do estilo barroco que estivemos a analisar, tanto se encontram na poesia como na prosa. De uma maneira geral – dizemos – porque, se estivermos bem atentos, veremos o cultismo usado com muito maior densidade na poesia do que na prosa. Os prosadores, salvo poucas excepções, inclinaram-se de preferência para o conceptismo, e este mesmo ainda bastante atenuado.
A prosa clássica atingiu no período barroco a maioridade. Também nela o culto da perfeição formal deixou a marca do seu dedo: a lógica articulação das palavras na frase e das frases no período, a estruturação dos períodos em paralelismos e simetrias, com um sentido apurado do ritmo, as construções em seriação crescente ou decrescente, em anáforas, em antíteses, etc.
À margem destas propriedades, a prosa barroca mostra, de quando em quando, leves matizes conceptistas: no laconismo e concisão; nas omissões das ligaduras sintácticas ordinárias; num modo de dizer abrupto e desconexo, originando um ritmo cortado, zigzagueante; no gosto pela metáfora e pelo dito sentencioso.»


António José Barreiros, História da Literatura Portuguesa

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