quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Resumo da apresentação oral

''Endechas a Bárbara escrava


Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que para meus olhos
Fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados
Pretos e cansados,
Mas não de matar.

Uma graça viva,
Que neles lhe mora,
Para ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.

Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.

Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;

E pois nela vivo,
É força que viva.''
Este poema foi escrito por Luís Vaz de Camões e é composto por cinco estrofes.
Este, foi escrito a uma escrava por quem Camões esteve perdido de amores na Índia.
Luís Vaz de Camões descreve-a psicologicamente  como uma mulher doce («Tão doce a figura»), serena («Presença serena») e sossegada («Olhos sossegados»)   e fisicamente como uma mulher linda, com olhos pretos («Olhos sossegados/Pretos e cansados») e cabelos pretos («Pretos os cabelos»).
Neste poema ele faz também a comparação entre a mulher loira e  branca, protótipo de perfeição segundo a poesia petrarquiana e a mulher negra e exótica («Pretos os cabelos/Onde o povo vão/Perde opinião/Que os louros são belos.») ou («Pretidão de Amor/Tão doce a figura/Que a neve lhe jura/Que trocara a cor.»)
Na última estrófe está presente um trocadilho («Esta é a cativa/Que me tem cativo») que pretende mostrar que o próprio amor é uma prisão e que ele está muito mais preso a ela, do que ela está presa à sua escravidão.
Pretende também mostrar-nos as diferentes formas da definição do termo prisão. 

Sofia Pedro

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