Lírica Camoneana: Descalça Vai para a Fonte
Este poema de Luís Vaz de Camões retracta Leonor, uma jovem que se dirige a uma fonte com os pés descalços, pela relva.
A concepção da mulher foi um tema essencial da lírica camoneana, estando muitas vezes relacionado com a temática do amor e com as personagens do drama amoroso do mesmo (o amador, a amada, a Natureza e o próprio amor.
As figuras femininas retractadas por Camões representam o ideal de beleza física renascentista, pretendendo espelhar a beleza interior.
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
Leonor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
Ao andar descalça, Leonor transmite ao leitor um estado de liberdade e despreocupação, mas também alguma desprotecção e vulnerabilidade.
O seu retracto evidencia a sua beleza e graciosidade, caminhando elegantemente.
As mãos de prata e os cabelos de ouro são metáforas que caracterizam a brancura da sua pele e o loiro dos seus cabelos.
O seu vestuário mostra a simplicidade da personagem e o detalhe do verso Descobre a touca a garganta contrasta com a inocência desta figura reforçando ainda mais a sua beleza.
Sofia David
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