É frequentemente verificado ao longo de toda a obra de “Alice no País das Maravilhas” que o critério de escolha de palavras utilizadas pela protagonista não é de todo habitual. O seu significado é subestimado, sendo simplesmente valorizada a sua sonância. No discurso de Alice as palavras não são aplicadas pelo seu conteúdo, mas sim por serem “palavras pomposas para se dizer”.
Também no poema em questão, estão assentes influencias deste fenómeno. É possível observar como a aplicação do termo “justiça” é extremamente fútil e superficial. O significado deste conceito tão apreciado na nossa sociedade não é minimamente semelhante ao da sua utilização no poema. Na verdade, a definição e a especificidade dos termos utilizados pouco importa, sendo estes de significado muitas vezes variável ao longo de toda a obra.
Este facto é altamente contrastante com muitos dos valores da nossa sociedade, na qual aquilo que é vago, indefinido ou incoerente é tido como algo negativo. Na obra estas características vão aparecendo com naturalidade, como algo com o qual a personagem está habituada a conviver.
Se tivermos em conta esta base na qual a história vai sendo construída não estranharemos, tal como todas as personagens, que um julgamento seja motivado por uma bela manha ou por uma sensação de vagar. Muito menos será de duvidar que uma mesma figura seja juiz e jurado.
Ao longo de todo o conto as leis e os factos vão sendo criados ou manipulados de uma forma tão desprovida de racionalidade que nada e inesperado. Mas os acontecimentos são tão irregulares que seria impossível criar linhas de conduta que permitissem leis jurídicas com alguma possibilidade de aplicação.
Talvez a justiça não seja uma necessidade no mundo fantástico e imprevisível no mundo imaginário de Alice. As leis da natureza prevalecem podendo ser observada sistematicamente a lei do mais forte quando são frequentemente referidos animais que comem outros animais.
Sofia David
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