segunda-feira, 26 de novembro de 2012

D. Afonso Henriques / D. Dinis


QUINTO/ D. AFONSO HENRIQUES

Pai, foste cavaleiro,
Hoje a vigília é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!

Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como bênção!

Neste podemos observar a descrição de D. Afonso Henriques e dos seus grandes feitos.
Na 1º estrofe, D. Afonso Henriques é chamado de ‘Pai’, remetendo-se para o sentido de D. Afonso Henriques ter conquistado o condado portucalense na batalha de Ourique, disputada com o rei de Castelo. D. Afonso Henriques é caracterizado como o pai de Portugal, sendo o responsável pela sua independência e pela liberdade dos portugueses. A palavra ‘cavaleiro’ utilizada para o descrever, remete-nos para os valores de coragem e honra que D. Afonso Henriques possuía.
Observa-mos também nesta estrofe, um vocativo. Na sua vigília (oração em que esperam por algo), os portugueses apelam para que D. Afonso Henriques lhes dê força e o exemplo.

Na 2º estrofe podemos observar novamente um vocativo por parte do povo português, apelando pela sua bênção como uma arma/ força, e a espada como coragem.

Podemos relacionar este poema com o poema anterior D. Tareja, na medida em que possuem um discurso vocativo semelhante.
-----------------------------------------------------------
SEXTO / D. DINIS

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.

Neste poema é nos apresentado as características e grandes feitos de D.Dinis.
Na 1º estrofe é nos apresentado o seu culto pela escrita e pela cultura (1º verso).
É também remetida a relação com o seu cognome ‘lavrador’ pois foi este que plantou o pinhal de Leiria que deu a madeira necessária à criação das naus que foram usadas para os descobrimentos, podemos observar neste exemplo a capacidade visionária de D. Dinis.
Nesta estrofe aparece também a ideia de profetização (verso 3). A expressão de ‘ouve um silêncio múrmuro consigo’ corresponde ao som as ondas que D. Dinis escuta, profetizando os descobrimentos.

Na 2º estrofe, D. Dinis é descrito como um arroio, um pequeno e jovem rio numa nova e jovem nação.
De novo está presente a ideia do futuro e do destino dos portugueses. No último verso, podemos observar a ideia dos heróis portugueses ansiando pelo mar, pelas descobertas e pela sua glória.
---------------------------------
Relação com os Lusíadas:
D. Dinis nos Lusíadas é descrito como um homem mais ‘terreno’ procurando o desenvolvimento do seu país , através de obras públicas.
Pelo contrário, na Mensagem, é observada uma mitificação de D. Dinis como um profeta que espera e prevê o glorioso futuro do povo português.

Sem comentários:

Enviar um comentário