Narciso era um jovem que possuía uma beleza natural, muito diferente de todos os outros. Já desde criança que fora abençoado com esse “dom”. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias profetizou que Narciso teria uma vida longa desde que nunca contemplasse a sua imagem. No entanto, quando atingiu a juventude, a sua beleza atraiu inúmeras raparigas, rapazes e até ninfas, incluindo Eco. Esta não foi correspondida e por esse mesmo motivo, ficou desesperada, retirando-se para morrer sozinha. Mas antes, pediu à Deusa Nemésis para a vingar. Muitos mais foram desprezados e lançaram-lhe uma maldição: que embora, pudesse amar alguém, não podia possuir o objecto do seu amor.
Como prometido, a Deusa Nemésis, vingou Eco. Durante uma caçada, Narciso fez uma pausa junto a uma fonte de águas claras e vendo o seu reflexo, pensou que estava a observar outro ser. Ficou imobilizado e nunca mais conseguiu afastar os olhos daquela imagem, a sua imagem. Apaixonado por si próprio, Narciso mergulhou os seus braços na água para abraçar a imagem que não parava de se desviar. Ao fim de algum tempo, acabou por perceber que era ele mesmo o objecto do seu amor, torturando-se por esse desejo impossível. Ao chorar por não poder capturar a imagem, as suas lágrimas turvaram o lago e fizeram desaparecer a sua imagem naquela água perturbada. Desesperado, ficou a contemplar-se até morrer.
Enquanto as Dríades preparavam o seu funeral encontraram uma flor de centro amarela com pétalas brancas, em vez do corpo, que em sua honra se passou a chamar Narciso.
Podemos concluir que este mito alerta as pessoas sobre o excesso de vaidade, cujo resultado, neste caso, é a morte. No entanto, Narciso também afasta tudo aquilo que não é o seu reflexo e espalha a dor e o sofrimento entre as ninfas que se apaixonam por ele. Por estar cego pela sua própria beleza, despreza a realidade ao seu redor.
Podemos dizer que o ser humano necessita de se auto-endeusar e enquanto, procura esse prestígio adverte-se a si mesmo. O narcisista tem como objectivo rebaixar todos à sua volta, de modo a poder valorizar-se, aumentado o seu ego. É essa auto-adoração que o leva muitas vezes à crueldade, pois a imagem que criou de si próprio, não passa de um mito.
Madalena Resende
O facto de algumas, ainda poucas pessoas, estarem a fazer deste blogue um espaço de publicação dos seus textos, vem ao encontro do propósito inicial da sua construção. Fico contente por isso. O exercício de elaboração de textos é um trabalho importante que requer paciência, pois os seus resultados só se tornam mais visíveis com o passar do tempo.
ResponderEliminar