quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Vaidade e Corrupção

Padre António Vieira, escreveu este sermão á cerca de 4 séculos atrás. Nesta parte do sermão (parte V), são referidos conceitos como vaidade e corrupção e pergunta-se de como se relacionam os conceitos, um com o outro, e nos nossos dias.
É necessário reflectir como eles se relacionam. Numa época onde a inquisição dominava todos os cenários, económicos, políticos, sociais e cultural toda uma Europa que vivia um período de aparências.
 Numa Europa receosa de uma um ordem assassina em nome da cristandade, as massas viviam num clima festivo, as decorações dos edifícios mais frequentados, festividades excêntricas os estilos e sobretudo o clima de alegria eufórica como se não houvessem preocupações, ameaças, como se inclusive a inquisição não existisse.
Todos estes factores, interpelaram um estilo de vida fútil e perfeitamente condenável. Grandes monarcas que se preocuparam mais com a sua imagem do que com os seus deveres. Ilustres nobres que deviam ter protegido os seus compatriotas e se venderam por um punhado cheio de ouro ou de um título. Clérigos que rezavam em vão e pregavam valores que para eles era mais leve que um simples prazer carnal ou financeiro. Valores desvaneceram-se e deram lugar á ostentação.
Onde todos os valores falham. Deram o lugar à carência, à pobreza, à marginalidade e por fim à corrupção.
Se a corrupção, não tivesse surgido, a sobrevivência de um largo grupo de indivíduos não estaria garantida. Pois após milhões de anos de evolução, o Homem, não se pode afastar da regra mais fundamental de toda a vida. Sobreviver a qualquer custo.
Para sobreviver. Um propósito mais que justificado. A corrupção, começa no cruzamento de necessidade e do interesse. E não passa de uma actividade tanto de generosa como de macabra e desumana.
Nos dias que correm, dias esses, que são fúteis, inúteis e frustrantes. A corrupção ganha cada vez maior dimensão, em especial os países do sul da Europa, onde já é praticamente cultural (caso da Itália), as pessoas tendem em esquecer os valores, autoridades, deveres.
Porque nos tornámos novamente em indivíduos egocêntricos, onde o que a pessoa possui determina-a, e portanto, a necessidade de possuir o máximo e o melhor possível independente dos meios torna-se cada vez mais frequente.

Para um sermão que se debate sobre isto, no século XVII, para mim, parece que foi escrito ontem no “Público”. O facto, é que padre António Vieira, mestre da retórica, emprega conceitos, exemplos e narra com tanta astúcia e pormenor que chega a parecer, que esta atento aos casos correntes. “Apito Dourado”, “Face Oculta” etc.
O autor do sermão, foi um homem extraordinário, tentou salgar esta terra que simplesmente, não se deixa salgar. Está resolvido o mistério. “Porque após tantos séculos não mudámos?”.
Sempre mais á frente do seu tempo, padre António Vieira expõe problemas muito à frente do seu tempo e por isso ainda hoje é referido com frequência, porque ainda hoje precisamos

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