quinta-feira, 10 de novembro de 2011

De que modo os conceitos de verdade, validade e corrupção e todo o discurso do Padre António Vieira encontram correspondência nos nossos dias?


            Padre António Vieira é um clássico, apesar de ter escrito ‘O Sermão aos Peixes’ num século diferente do nosso, o texto continua a ser actual. Neste texto o autor utiliza alguns conceitos como verdade, validade e corrupção em circunstâncias que nos nossos dias ainda são semelhantes. Quando Padre António Vieira escreveu ‘O Sermão aos Peixes’ corrupção era a fuga à verdade, e um facto para ser válido tinha de ser verdadeiro, ainda hoje é assim. Todo o discurso do Padre António Vieira tem correspondência com os nossos dias, os nossos antepassados têm sempre ligações connosco, continuam a ter razão. Padre António Vieira diz que o Mundo do Homens está cheio de corrupção, realmente estava no seu tempo, e agora? Continua a estar. Compramos as pessoas para fugir à verdade. Já era assim há uns séculos e sempre será.
(limite – 80 palavras. 138 palavras)

Vaidade e Corrupção

Padre António Vieira, escreveu este sermão á cerca de 4 séculos atrás. Nesta parte do sermão (parte V), são referidos conceitos como vaidade e corrupção e pergunta-se de como se relacionam os conceitos, um com o outro, e nos nossos dias.
É necessário reflectir como eles se relacionam. Numa época onde a inquisição dominava todos os cenários, económicos, políticos, sociais e cultural toda uma Europa que vivia um período de aparências.
 Numa Europa receosa de uma um ordem assassina em nome da cristandade, as massas viviam num clima festivo, as decorações dos edifícios mais frequentados, festividades excêntricas os estilos e sobretudo o clima de alegria eufórica como se não houvessem preocupações, ameaças, como se inclusive a inquisição não existisse.
Todos estes factores, interpelaram um estilo de vida fútil e perfeitamente condenável. Grandes monarcas que se preocuparam mais com a sua imagem do que com os seus deveres. Ilustres nobres que deviam ter protegido os seus compatriotas e se venderam por um punhado cheio de ouro ou de um título. Clérigos que rezavam em vão e pregavam valores que para eles era mais leve que um simples prazer carnal ou financeiro. Valores desvaneceram-se e deram lugar á ostentação.
Onde todos os valores falham. Deram o lugar à carência, à pobreza, à marginalidade e por fim à corrupção.
Se a corrupção, não tivesse surgido, a sobrevivência de um largo grupo de indivíduos não estaria garantida. Pois após milhões de anos de evolução, o Homem, não se pode afastar da regra mais fundamental de toda a vida. Sobreviver a qualquer custo.
Para sobreviver. Um propósito mais que justificado. A corrupção, começa no cruzamento de necessidade e do interesse. E não passa de uma actividade tanto de generosa como de macabra e desumana.
Nos dias que correm, dias esses, que são fúteis, inúteis e frustrantes. A corrupção ganha cada vez maior dimensão, em especial os países do sul da Europa, onde já é praticamente cultural (caso da Itália), as pessoas tendem em esquecer os valores, autoridades, deveres.
Porque nos tornámos novamente em indivíduos egocêntricos, onde o que a pessoa possui determina-a, e portanto, a necessidade de possuir o máximo e o melhor possível independente dos meios torna-se cada vez mais frequente.

Para um sermão que se debate sobre isto, no século XVII, para mim, parece que foi escrito ontem no “Público”. O facto, é que padre António Vieira, mestre da retórica, emprega conceitos, exemplos e narra com tanta astúcia e pormenor que chega a parecer, que esta atento aos casos correntes. “Apito Dourado”, “Face Oculta” etc.
O autor do sermão, foi um homem extraordinário, tentou salgar esta terra que simplesmente, não se deixa salgar. Está resolvido o mistério. “Porque após tantos séculos não mudámos?”.
Sempre mais á frente do seu tempo, padre António Vieira expõe problemas muito à frente do seu tempo e por isso ainda hoje é referido com frequência, porque ainda hoje precisamos

sábado, 5 de novembro de 2011

Capitulo IV (4º paragrafo)

Na passagem fala-se de pão e de homens, significando pão o mesmo que homens. Ao contrario dos outros comeres, como o peixe, a carne ou a fruta estes têm dias próprios para se comerem, enquanto o pão é o alimento do quotidiano, em que os homens não passam sem ele, e o comem com tudo. A passagem “ São o pão quotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos”, Vieira quer dizer como é natural aos homens alimentarem-se do pão todos os dias, como é natural explorar, passar por cima e aproveitar-se dos mais pequenos, ou seja, dos pobres e mais inofensivos. O padre António Vieira, faz uma pergunta aos peixes, essa interrogação, cativa os seus ouvintes e reforça a verdade que quer mostrar e é uma maneira de introduzi-la neles. Ao ouvirem o discurso do padre António Vieira, os peixes de uma maneira trivial abanam a cabeça, não se conformado com o que acabaram se ouvir. Sendo desconhecidos os modos dos homens estes ficaram bastante admirados, pois entre eles não há injustiças ou maldades, os peixes estão habituados a viverem em paz , tendo a capacidade de serem livres. Os homens estão acostumados a um ambiente de brutalidade de uns para os outros, em que nem os grandes estão a salvo, pois a sempre alguém maior que não só os engole a eles como a outros iguais. Esta característica dos homens e anormal aos peixes, sendo eles quem tem o discernimento, e cuidado que os homens por direito deviam ter, em vez disso tornam-se homens ignorantes e vaidosos. O padre António Vieira tem como objectivo de mudar os homens, ou pelo menos faze-los pensar, mesmo que não haja  uma mudança rápida.