segunda-feira, 9 de abril de 2012

Porquê andar nas Guias e nos Escuteiros?


      Associação de Guias de Portugal e Corpo Nacional de Escutas, duas entidades que educam crianças e jovens. O escutismo e o guidismo são movimentos mundiais, não políticos, abertos a todos os jovens. Estes movimentos têm várias vertentes: AGP – Associação de Guias de Portugal; CNE – Corpo Nacional de Escutas; AEP – Associação de Escuteiros de Portugal. As Guias é uma vertente de escutismo só para raparigas e não tem nenhuma religião obrigatória mas tem bases católicas; os CNE é um tipo de escutismo católico que pode ser marítimo ou não e é para raparigas e rapazes; por último, os AEP não são católicos e é para raparigas e rapazes.
            Pertencer a estas associações é uma mais-valia para qualquer jovem. Estas entidades contribuem para a formação dos jovens através de uma pedagogia activa baseada no jogo e promove ainda vivência de valores fundamentais. Estas associações ensinam os jovens a viver em grupo, a viver ao ar livre, a ter sentido de responsabilidade e a superar desafios. Muitas vezes pensamos que as guias podem ser melhores ou piores que os escuteiros mas os dois movimentos foram fundados pelas mesmas pessoas e com o mesmo objectivo: proporcionar aos jovens a oportunidade de desenvolverem plenamente o seu potencial como cidadãos universais e responsáveis. Qual quer pessoa que tenha pertencido a estas associações é uma pessoa diferente, é uma pessoa que aprendeu a partilhar e a ser solidária, a estar no campo e a desenrascar-se com o que tem, e a lidar com os desafios do dia-a-dia de uma maneira diferente. Se estas associações são boas para os jovens porque não entrar nesta aventura?
            Na minha opinião estes movimentos são bons para a educação de qualquer pessoa e contribuem para o crescimento e desenvolvimento pessoal. 

                

domingo, 8 de abril de 2012

A Importância Dos Contos De Fadas

Contos de fadas. Um termo muito utilizado para descrever as fábulas e os contos populares. Ambos os termos se apresentam como uma narrativa curta, cuja história se reproduz a partir de um motivo principal e transmite conhecimento e valores culturais de geração para geração. Nestes encontramos sempre um herói ou heroína que tem de defrontar grandes obstáculos antes de triunfar contra o mal. Este é o sentido objetivo, mas não será que os contos nos transmitem certos valores morais e o facto de o bem existir verdadeiramente? Para além de tudo isto, os contos de fadas são também algo enriquecedor que nos ensina sobre processos interiores que ocorrem no nosso âmago, ou seja, é um encontro com o nosso mundo interno. Ao depararmo-nos com esta situação, deparamo-nos com certos conflitos, inerentes ao ser humano, como a inevitabilidade da morte, o envelhecimento, a luta entre o bem e o mal, a inveja, … Os contos de fadas são fundamentais para o nosso crescimento, para o crescimento de cada criança, pois é nestes enredos que encontramos uma convergência entre a realidade e a fantasia; um ponto de encontro de compreensão, onde se distingue o Bem do Mal, o bonito do feio. Atualmente, o mundo em que vivemos é um mundo complicado, um mundo antagónico, que faz as crianças dividirem intuitivamente tudo em bom e em mau, encontrando assim, nos contos de fadas, um certo equilíbrio no seu mundo. Os contos de fadas existem para garantir a estas que se as dificuldades podem ser vencidas; as florestas atravessadas, os caminhos de espinhos desbravados e os perigos trespassados, também estas, podem vencer os seus medos e as suas ignorâncias. Afinal, ao longo da nossa vida, todos vamos enfrentando diversos obstáculos; conflitos, confrontações e aventuras. A esperança deve ser algo que existe quando enfrentamos um destes momentos. Esperança esta, com que inicialmente temos contacto através dos contos de fadas, das personagens fictícias, pois aprendemos a aceitar melhor as pequenas desilusões com que nos vamos deparando no dia-a-dia, apenas por saber que, à semelhança do que acontece nos contos, os nossos esforços hão-de ser recompensados um dia. No nosso íntimo, entendemos que estas histórias maravilhosas não passam de uma irrealidade, mas isso não quer dizer que as aceitemos como falsas, pois estas descrevem, de um modo imaginário e simbólico, os passos do crescimento de cada um de nós. Na minha opinião, todos encontramos um pouco de nós em todas as personagens, ou seja, todos somos contraditórios; obedientes e teimosos, bons e maus, valentes e medrosos, dependendo da situação em que nos encontramos. Todos estes sentimentos e características são tratados nos contos de fadas de modo a oferecer desfechos otimistas, e assim oferecer a cada criança, a esperança de que os seus medos, desejos, amores e ódios, que na sua perspetiva se apresentam como amedrontadores e insolúveis, na realidade têm uma solução. Isto é assimilado de uma forma intuitiva devido à ingenuidade e à inocência das crianças. Aprendemos assim, em pequenos, por meio destes contos, a identificar e reconhecer, em nós e nos outros, pensamentos e sentimentos que ajudam ou atrapalham as nossas relações; aprendemos a conviver com naturalidade com fortes elementos do nosso inconsciente e do inconsciente dos outros. Estas narrativas oferecem-nos portanto, melhores condições para crescermos e amadurecermos.
Todos os contos de fadas têm um herói e no desenrolar da história, vai-se traçando a luta do herói que não se apresenta inicialmente como tal, ou seja, é no decurso da ação que este tem de descobrir os elementos que faltam para que possa compreender o processo em que está inserido, e assim, construir novas situações que possam vir a favorecê-lo na sua luta pelos objetivos. Nesta luta, o herói culmina a possibilidade de vencer todas as dificuldades. Neste sentido, todos os contos são um estímulo encorajador na luta da vida, em que se valorizam os princípios éticos na relação com outro; o Mal é denunciado, o personagem mau é castigado; o Bem é valorizado, e o personagem bom, premiado. Faz-se assim justiça, e encontra-se paz e harmonia.
Na minha opinião, todos estes argumentos se apresentam como uma ótima razão pela qual as crianças devem ler contos de fadas. Estes proporcionam esperança! O que seria de nós sem tal sentimento? Provavelmente nem existiríamos. Contudo, há quem considere os contos de fadas encantadores, como eu, e há quem os rejeite como mórbidos e perturbadores. Porém, atualmente há mais quem discuta a sua importância, a sua atuação decisiva na formação e no desenvolvimento do ser humano. As pessoas que apresentam uma posição contra os contos de fadas, supõem que a violência das situações que se apresentam; a personificação do bem e do mal em determinadas personagens, as soluções mágicas para os problemas mais complexos e toda a tensão emocional provocada pela narrativa destes contos, proporciona às crianças uma visão muito negativa da realidade, uma visão negra, e desnecessária do Homem. Muitos acreditam até que para as crianças mais sensíveis, estas narrativas podem provocar sofrimentos e angústias, que se poderão repercutir negativamente na sua vida futura, gerando medos e inseguranças. Porém, eu considero que os contos podem ser vistos como uma preparação para o futuro que vamos enfrentar. Se acreditarmos no valor e na verdade que se revelam nestas histórias arcaicas, na força e na coragem que podem surgir, exatamente, pelo impacto do encontro com a franqueza, o desamparo, o medo, a necessidade de luta para alcançarmos os nossos objetivos, estaremos a acreditar num mundo melhor. E são também benéficos, na medida em que as crianças encontram soluções para as suas dúvidas, para os seus conflitos pessoais. E uma prova de que as crianças entendem esta linguagem, é o facto de no seu dia-a-dia, inventarem diversos jogos e distrações, que as divertem e são vividos entre a imaginação e a realidade. A maioria dos contos começam por “Era uma vez”, e porque será isto? Tem a sua razão. Na minha opinião, isto acontece de modo a salientar o facto de os temas não se referirem apenas ao presente tempo e espaço. Todos nós encontramos personagens e situações que fazem parte do nosso quotidiano e do nosso universo individual, com conflitos, medos e sonhos. Momentos estes que nos fazem confrontar com sentimentos como o amor, o odeio, a inveja e a amizade. Sentimentos humanos e naturais. Diria assim que os contos de fadas são a maneira mais significativa que nós, Homens, encontrámos para expressar as experiências que não se enquadram numa lógica da narrativa objetiva, e é por isso que as histórias são tão temidas, e é também por isso que são tão importantes.
Concluindo, penso que os contos de fadas são um momento de excecional importância na educação das crianças. Estes investem na formação da personalidade de cada um, pois através da assimilação dos conteúdos dos contos, as crianças aprendem que é possível vencer obstáculos e saírem vitoriosas. Isto acontece porque, durante o desenrolar da ação, a criança se identifica com as personagens e vive o drama que ali é apresentado de uma forma simples, porém causando um certo impacto. Os contos de fadas tratam, de uma forma simples e concreta, os relacionamentos humanos primitivos, e por isso exprimem sentimentos muito arcaicos. Contudo, por serem arcaicos, não deixam de ser atuais, pois baseiam-se em princípios éticos universais.

Estes livros levam-nos a um mundo imaginário, a um mundo onde acreditamos que tudo é possível, onde nos sentimos confortáveis, onde nos é apresentada uma explicação do mundo que nos rodeia, e nos permite criar formas de lidar com isso da melhor maneira. Representa esperança. Esperança de que nenhuma criança deve ser privada.