quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Madame Bovary


 Madame Bovary foi escrito por Gustave Flaubert no séc.XIX, e foi sem dúvida um dos livros mais marcantes na época.
 A acção da história desenrola-se em volta da personagem Emma e do seu casamento com Carlos Bovary, dividindo-se em três tópicos principais: o adultério, a imaginação e o mundo virtual.  Carlos, formado em medicina casa-se com Emma, uma mulher mais jovem com um espírito inovador e imaginativo. Os primeiros anos deste casamento desenrolam-se tranquilamente, mas Emma Bovary cedo se apercebe de quão desinteressante e sem objectivos é o homem com quem se casou. Talvez pelo facto de Emma ser uma mulher ambiciosa, apaixonada pela leitura, pela música e pelas artes levou ao rápido aborrecimento pelo marido e pelo seu casamento. Ao longo do livro, a ingenuidade de Carlos é algo que não é natural nem comum, uma vez que este homem nunca desconfiou da vontade que a sua mulher tinha de se desprender dele, mesmo com todo o desprezo com que ela o tratava, e a forma rude como lhe falava, Carlos sempre considerou Emma um anjo, tendo esta outras atitudes que compensavam na perspectiva de Carlos, a sua insensibilidade para com ele.
 À medida que a história se desenvolve, o tópico do adultério, muito criticado na época principalmente por ser praticado pela parte feminina, vai-se revelando, interligado com o tópico do mundo virtual, em que Emma começa a ter casos fora do seu casamento, compensando a paixão apagada do seu marido com as chamas acesas das suas relações extra-conjugais. Esta questão está relacionada com o facto de a sua primeira experiência extra-conjugal ter-se baseado maioritariamente numa química psicológica e simples partilhas de interesses comuns entre ela e o seu amante- Léon.                  Após tentar compreender a ingenuidade de Carlos, cheguei a uma conclusão que me parece bastante adqueada à situação. No meu ponto de vista, como todos os sentimentos e pensamentos de Emma estão envolvidos numa espécie bolha completamente isolada da realidade, as suas atitudes e reações apesar de secas, não conseguem expressar exactamente aquilo que realmente se passa, deixando Carlos na ignorância, sem saber a frustação da sua mulher perante o casamento.

Falaremos então do tópico da imaginação. Emma Bovary, a personagem principal desta belíssima história de Gustave Flaubert verifica ter, ao longo da obra, um mundo próprio, viver num mundo completamente paralelo à sua realidade. Todos os seus pensamentos, as suas ideias, as suas perspectivas, os seus desejos, não correspondem à sua vida real, estão internamente ligados com a sua realidade própria. Emma não vive a sua vida, vive a sua imaginação, está constantemente num lugar, com a sua mente totalmente noutro, o que se pode também relacionar com todos nós, pois na minha opinião há uma grande parte das situações do nosso quotidiano em que não estamos com a nossa mente no mesmo lugar onde o nosso corpo se encontra.
 No decorrer da história, cruzamo-nos com outra personagem, Rodolfo, o segundo amante de Emma Bovary, cujo o seu pensamento em grande parte não corresponde ao lugar onde o corpo está situado, nem condiz com as conversas que tem com as pessoas à sua volta.
 Outro ponto que na minha opinião pode levar a toda esta distância da vida real de Emma, é o facto de esta ser uma leitora nata. Emma como mulher sentimental, lê vários romances, o que desperta ainda mais em si o desejo de vir a ter uma grande paixão, o que não acontece com o marido Carlos. A leitura remete as pessoas para um mundo mágico, fantasioso, que as faz sair da realidade e que muitas vezes as consegue transportar para uma reflexão sobre a sua vida que talvez lhes possa transmitir vários valores e ideias que as possam a levar a chegar mais próximo dessa magia. Este é o caso de Emma Bovary que se deixa levar pela leitura, e por todos os romances que lê, sem conseguir impor limites e distinguir a sua vida dos livros. Mas, penso que Emma é um pouco de todos nós, porque afinal ninguém corresponde psicologicamente a cem por cento onde está fisicamente.

Mariana Castro

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