quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A velhice e a doença nas nossas vidas

     Escrevo-vos hoje querendo expressar algo que é um pouco deprimente, mas também querendo suscitar um debate saudável, talvez um tema para uma das nossas sempre interessantes aulas de Português. Vamos lá então começar.
     Gostava de começar pelo título imposto a este "post". Todos nós, espero eu, temos alguém idoso na nossa vida. Seja um ou dois avôs ou avós, ou uma mãe ou um pai, no caso do nosso querido professor. E chega aquela altura da vida de uma pessoa em que se pode dizer que se é velho. Legalmente acima dos 65, mas um pouco antes já lá se chegou. A visão começa a turvar, por vezes um pouco mais do que o normal, a memória falha. Listas de medicamentos sem fim aparecem, ora para as dores, para o Alzheimer, para um órgão que teima em não funcionar, e por vezes, descontrola-se a bexiga ou os intestinos e lá adicionamos mais um item à nossa lista de compras. Mas as pessoas que destes cuidam? É exactamente o oposto de cuidar de um bebé, apesar de se fazer a mesma coisa. Não é algo que nos dê felicidade, antes pelo contrário. Tem de se mudar fraldas, alimentar alguém, pô-los a dormir, ralhar com eles, tentar ensiná-los; mas o problema não é estes não saberem. É estarem a esquecer o que durante muito tempo souberam.
     Desesperar até que estes abram a boca, se estes deitam fora o que lhes demos, e até se estes se lembram de quem somos ou se somos apenas um chato que nos quer enfiar comida pela garganta abaixo, e não nos deixa dormir, que no final de contas, é tudo o que uma pessoa idosa acamada com Alzheimer quer. Como não consegue andar e passa o dia deitada, só quer dormir. Aqueles que ainda têm a sorte de poder andar, menos mal, mas continua a ser no mínimo, desagradável.
     "Mãezinha, quero dormir." Foi das frases que mais ouvi durante esta pausa natalícia. Mais deprimente se torna quando esta "mãezinha" já não está entre nós à pelo menos um bom meio século. Mas introduzi esta "fala", pois quero questionar a inocente alma que ler ou ouvir isto, do seguinte modo: será que é mais saudável para um jovem manter uma recordação de alguém saudável, que nos contava histórias e nos fazia vontades, ou uma recordação como acabei de descrever? Será mais saudável termos uma espécie de preparação para o futuro, ou mantermos uma recordação de sanidade, para o bem da memória e do ser?
     Concluo agora, desejando um resto de boas férias, e que acordemos todos para um espectacular segundo período. Para o nosso professor, sinta-se à vontade para usar isto onde quiser. Quanto ao resto que lhe chegue a por a vista em cima, identifiquem-se e mantenham sempre na vossa cabeça uma recordação saudável dos vossos entes queridos, porque nunca se sabe quando é que estes já não se vão lembrar de vós. Depois disso, e sem querer desmoralizar nem entristecer ninguém, estejam preparados para o inevitável, porque mais tarde ou mais cedo vai acontecer. É só preciso manter na memória uma recordação de tempos mais áureos. Muito obrigado e boa noite. Já agora, um feliz ano novo. Peço desculpa se comovi alguém, mas era de facto, no fundo deste pequeno texto, a minha intenção. Boa noite, e um sono descansado.

Rui Silva

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Apresentações do 2º Período

A pensar em eventuais prendas no sapatinho, aqui vos deixo a indicação do livro que calha a cada um de vós:


Inês Ameixa – A Paz Perpétua, de Kant
Oksana – Coéforas, de Ésquilo
Carolina – Euménides, de Ésquilo
Gonçalo – O Rei Lear, de William Shakespeare
Bernardo – Auto da Alma, de Gil Vicente;
Mafalda Morgado – Agamémnon, de Ésquilo
Francisca – A Tempestade, de William Shakespeare
João Pedro – A Relíquia, de Eça de Queirós
Andreia – As Afinidades Electivas, de Goethe
Ana Catarina – De Profundis, de Oscar Wilde
Inês Carrasco – Noites Brancas, de Fiodor Dostoievsky
Mafalda Vilhais – Memórias do Cárcere, de Camilo Castelo-Branco
Cláudia – A Vida é Sonho, de Calderon de La Barca
Mariana Esteves – Medeia, de Eurípides
Ricardo – O Príncipe, de Maquiavel
Maria do Carmo – A Arte de Amar, de Ovídio
Mariana Dinis – Rei Édipo, de Sófocles
Sofia Pedro – O Judeu, de Bernardo Santareno
Marta Barata – Mrs Dalloway, de Virginia Woolf
Sofia David – A Morte em Veneza, de Thomas Mann
Maria João – O Pintor da Vida Moderna, de Charles Baudelaire
Rita – Os Meninos de Oiro, de Agustina Bessa-Luís
Pedro – Hamlet, de William Shakespeare
Miguel – Levantado do Chão, de José Saramago
Madalena – Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett
Rui – Ecce Homo, de Friedrich Nietzsche
Mariana Castro – A Confiança em Si, de Ralph Waldo Emerson
Margarida – A Castro, de António Ferreira
Marta Grilo – Narciso de Goldmundo, de Hermann Hesse

Boas Festas e Bom Trabalho

sábado, 17 de dezembro de 2011

Sonho de Uma Noite de Verão

 Sonho de Uma Noite de Verão- Shakespeare        

Excerto:

“TITÂNIA – Peço-lhe gentil mortal, canta novamente. Tanto
meus ouvidos estão apaixonados por sua voz, quanto meus
olhos cativos pela tua forma, e a força do teu brilhante mérito
me obriga a dizer-te, a jurar-te que te amo.

NOVELO – Creio, senhora, que tendes bem pouco motivo
para isso. Porém, para dizer a verdade, nos tempos em que
vivemos, a razão e o amor raras vezes estão juntos.”          

Como podemos observar, este excerto demonstra-nos que esta história aborda muito o tema do amor no mundo dos sonhos. Esta história situa-se numa floresta próxima de Atenas.
Este exemplo é a paixão de Titânia, a rainha das fadas, por Novelo, um artesão ignorante com uma cabeça de burro. Este amor existia devido a uma poção mágica de Oberon, marido de Titânia, que desejava vingar-se da mulher.
Hoje em dia não observamos muito o facto de uma pessoa de classe alta se apaixonar por uma pessoa de classe inferior. Não é que não seja possível, mas infelizmente as pessoas ligam muito à aparência e não se limitam a apaixonarem-se pelo que a pessoa realmente é. Preocupam-se mais com o que mostram as pessoas e não ao que realmente sentem.
No excerto deparamo-nos com esta situação, pois Titânia está apaixonada por Novelo, mas apenas devido a uma poção mágica, e se isso não acontecesse, se calhar Titânia não se apaixonaria por Novelo.
O livro tem uma dimensão muito fantasiosa que apela o sonho, por vezes o sonho do amor não é real, por vezes a imagem nublada de alguém. O sonho muda a vida de todos e aqui o amor de Titânia e Novelo é afectado por essa dimensão.
Gostei muito de ler este livro pois leva-nos mais ao mundo da fantasia, deixando o mundo real que hoje em dia não e muito bom para a maioria das pessoas. Acho que é sempre bom fugirmos da realidade e imaginarmos tudo como nós queremos, sentirmo-nos no mundo em que queremos e não no que realmente pertencemos.
Esta história ajuda-nos a ter a noção de certas coisas e ao mesmo tempo abre-nos a imaginação para muitas outras coisas.
Shakespeare tem livros muito interessantes, que cativam a atenção dos leitores através das suas histórias cativantes e divertidas como esta.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Impressões de Viagem

Impressões de Viagem

A camioneta desloca-se a mais de 100 Km/h. Atrás do reflexo desfilam verdes e castanhos manchados por pequenas habitações dispostas irregularmente.
No avanço do anoitecer reflete-se a crescente proximidade a casa, reconfortante após um dia fatigante. A velocidade proporciona à paisagem uma desfiguração homogénia, impossibilitando-me de fixar o olhar.
Na verdade, pouco importa o que se situa para lá dos vidros, mero cenário de toda a agitação no autocarro.
Fragmentos de conversas cruzam o ar, rapidamente abafados por músicas distintas e vozes que as acompanham, tornando o ambiente descontraído.
Observo quem me rodeia. As pessoas nunca deixam de me espantar. Quando penso que fui finalmente capaz de decifrar alguém, as suas reações apanham-me de surpresa. Sei que mais sensato é aquele que não cria dos outros expetativas. Porém, é incontrolável esperar uma certa atitude em certas circunstâncias, quando uma pessoa apresenta um certo padrão comportamental.
Tenho, então, uma surpresa potencialmente negativa ou positiva, sempre acompanhada por alguma emoção e alteração do nosso pensamento, mesmo quando fingimos indiferença.
Olho à minha volta. Será que algum dia conhecerei inteiramente algum dos que me rodeia? Certamente que não, sendo que nunca serei capaz de prever infalivelmente como reagirá alguém numa determinada situação. Mesmo com mil anos de convivência.
Para tal, seria necessário conseguir prever as minhas próprias reações, sendo-me isto totalmente impossível. Será que algum dia me conhecerei realmente?
Já escureceu. A agitação foi dominada por uma posterior tranquilidade.
As pessoas são um mistério. Mas estou quase a chegar a casa.

Cem Anos de Solidão

"Cem anos de solidão", de Gabriel Garcia Márquez, retrata a história da família Buendía. São relatadas as aventuras e as desventuras, as paixões e desavenças, assim como as relações intra-familiares dos Buendía, num estilo de realismo mágico.
A ação é alternada, pois a história não segue uma ordem cronológica.
Constantemente deparamo-nos com situações que são somente enquadradas na história em alturas muito mais avançadas da obra.
Um exemplo muito particular é o mistério de Melquíades. No início da obra, o feiticeiro Melquíades escreve uns documentos codificados em sânscrito, que só são descodificados no último momento da obra. O seu conteúdo, escrito cem anos antes, consistia na previsão de toda a história da família Buendía, condenando-os a cem anos de solidão e descrevendo o seu fim.
O título da obra, "Cem anos de solidão", é então justificado.

É possível, assim, observar duas vertentes da solidão, sendo estas a individual e a familiar.
A solidão de cada um dos elementos da família é muito retratada, mostrando que mesmo quando acompanhados nos podemos sentir sozinhos.
Mas mesmo a família, enquanto grupo de pessoas e relações entre estas, tem uma posição de isolamento relativamente ao resto do mundo.
Os elementos da família estão limitados às relações entre eles, não convivendo fora do  seio familiar.

Assim sendo a análise desta obra incita uma reflexão sobre a solidão e a reação de cada um de nós perante esta.

Sofia David

O retrato de Dorian Gray

O retrato de Dorian Gray 

Este livro decorre ( sim, porque aqui nada nem ninguem se passa, apenas ocasionalmente ) no século XIX, numa Inglaterra conservadora, com uma sociedade apreciadora de arte, mas em que por trás de um aparente retrato de famílias normais, os homens tinham casos ou acções homosexuais. A acção centra-se na personagem de Dorian Gray, um jovem físicamente perfeito, que tem como amigo um pintor de nome Basil Hallward, que o pinta múltiplas vezes. Toda a vida de Dorian Gray muda quando Lord Henry, um amigo de Basil, lhe incute ideias revolucionárias e lhe arranja um livro de um filósofo francês, salvo erro. Mas Basil faz uma pintura perfeita de Dorian, e este, ao perceber que iria perder a sua juventude e beleza, roga "aos céus", e pede para trocar a sua alma pela juventude eterna, enquanto que o quadro envelheceria. No decorrer da história, Dorian apaixona-se, enlouquece, mergulha numa vida de pecado. O clímax é atingido quando Dorian mata Basil, depois de lhe mostrar a pintura, velha e enrugada por uma vida pecaminosa. Dorian depois tenta acabar o seu sofrimento ao esfaquear a pintura, mas ao fazer isto acaba por morrer, ao lado de uma incólume e jovem pintura. Este agora assume a postura de um velho enrugado, morto e danificado por uma vida de pecado. (até rima)

Uma das perguntas centrais desta obra é nos transmitida por uma das citações iniciais: " Não existem livros imorais, apenas livros mal escritos." Concordo com isto. Este livro pode ser ser considerado imoral, pela maneira como aborda certos temas, mas apenas por quem não sabe reconhecer a maneira como este livro aborda os temas pode chamá-lo imoral. Mas não o é.
Finalmente, a minha ideia conclusiva é que Dorian Gray é como a futura terceira idade. Vemos hoje  mulheres e homens a submeterem se a cirurgias. Mas o que é que estas vão fazer com o seu corpo depois de este estar envelhecido e enrugado? Vamos ver aí velhas com grandes prateleiras e velhos sempre excitados. Dorian Gray, já velho, continuava jovem, e isso suscitou-lhe dúvidas e tudo isto junto, leva ao final. À morte confusa de alguém confuso.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

"As memórias de Adriano"

A minha apresentação foi sobre o livro 'Memória de Adriano' de Marguerite Yourcenar.  Adriano é um Imperador Romano, que deixa uma carta a Marco Aurélio, seu filho e futuro imperador.  
O livro baseia-se nas memórias de Adriano, sendo um género de leitura em que a personagem no início nos conta uma história do presente que nos remete para o seu passado a partir de memórias, desenrolando a história por aí. Por exemplo, no início da carta, Adriano tem 70 anos e está doente, já nos seus últimos anos de vida, e conta a Marco que o seu médico, Hermógenes, veio de Ásia só para o examinar, e como o seu corpo está fraco, relembrando-se de que o seu corpo já lhe fora muito útil noutros tempos, como nas suas caçadas, e começa então a contar as suas velhas histórias de caça. No desenrolar do livro, Adriano conta a Marco muitas das suas memórias sobre os seus tempos de juventude, sobre os inimigos que fez, os seus amores e desamores, a sua familia, tempos de guerra, memórias antigas. Adriano era uma pessoa muito ligada aos filósofos, e foi um imperador bastante pacifísta. Toda a história está intimamente ligada às memórias e lembranças do Imperador na sua generalidade.

Madame Bovary


 Madame Bovary foi escrito por Gustave Flaubert no séc.XIX, e foi sem dúvida um dos livros mais marcantes na época.
 A acção da história desenrola-se em volta da personagem Emma e do seu casamento com Carlos Bovary, dividindo-se em três tópicos principais: o adultério, a imaginação e o mundo virtual.  Carlos, formado em medicina casa-se com Emma, uma mulher mais jovem com um espírito inovador e imaginativo. Os primeiros anos deste casamento desenrolam-se tranquilamente, mas Emma Bovary cedo se apercebe de quão desinteressante e sem objectivos é o homem com quem se casou. Talvez pelo facto de Emma ser uma mulher ambiciosa, apaixonada pela leitura, pela música e pelas artes levou ao rápido aborrecimento pelo marido e pelo seu casamento. Ao longo do livro, a ingenuidade de Carlos é algo que não é natural nem comum, uma vez que este homem nunca desconfiou da vontade que a sua mulher tinha de se desprender dele, mesmo com todo o desprezo com que ela o tratava, e a forma rude como lhe falava, Carlos sempre considerou Emma um anjo, tendo esta outras atitudes que compensavam na perspectiva de Carlos, a sua insensibilidade para com ele.
 À medida que a história se desenvolve, o tópico do adultério, muito criticado na época principalmente por ser praticado pela parte feminina, vai-se revelando, interligado com o tópico do mundo virtual, em que Emma começa a ter casos fora do seu casamento, compensando a paixão apagada do seu marido com as chamas acesas das suas relações extra-conjugais. Esta questão está relacionada com o facto de a sua primeira experiência extra-conjugal ter-se baseado maioritariamente numa química psicológica e simples partilhas de interesses comuns entre ela e o seu amante- Léon.                  Após tentar compreender a ingenuidade de Carlos, cheguei a uma conclusão que me parece bastante adqueada à situação. No meu ponto de vista, como todos os sentimentos e pensamentos de Emma estão envolvidos numa espécie bolha completamente isolada da realidade, as suas atitudes e reações apesar de secas, não conseguem expressar exactamente aquilo que realmente se passa, deixando Carlos na ignorância, sem saber a frustação da sua mulher perante o casamento.

Falaremos então do tópico da imaginação. Emma Bovary, a personagem principal desta belíssima história de Gustave Flaubert verifica ter, ao longo da obra, um mundo próprio, viver num mundo completamente paralelo à sua realidade. Todos os seus pensamentos, as suas ideias, as suas perspectivas, os seus desejos, não correspondem à sua vida real, estão internamente ligados com a sua realidade própria. Emma não vive a sua vida, vive a sua imaginação, está constantemente num lugar, com a sua mente totalmente noutro, o que se pode também relacionar com todos nós, pois na minha opinião há uma grande parte das situações do nosso quotidiano em que não estamos com a nossa mente no mesmo lugar onde o nosso corpo se encontra.
 No decorrer da história, cruzamo-nos com outra personagem, Rodolfo, o segundo amante de Emma Bovary, cujo o seu pensamento em grande parte não corresponde ao lugar onde o corpo está situado, nem condiz com as conversas que tem com as pessoas à sua volta.
 Outro ponto que na minha opinião pode levar a toda esta distância da vida real de Emma, é o facto de esta ser uma leitora nata. Emma como mulher sentimental, lê vários romances, o que desperta ainda mais em si o desejo de vir a ter uma grande paixão, o que não acontece com o marido Carlos. A leitura remete as pessoas para um mundo mágico, fantasioso, que as faz sair da realidade e que muitas vezes as consegue transportar para uma reflexão sobre a sua vida que talvez lhes possa transmitir vários valores e ideias que as possam a levar a chegar mais próximo dessa magia. Este é o caso de Emma Bovary que se deixa levar pela leitura, e por todos os romances que lê, sem conseguir impor limites e distinguir a sua vida dos livros. Mas, penso que Emma é um pouco de todos nós, porque afinal ninguém corresponde psicologicamente a cem por cento onde está fisicamente.

Mariana Castro

Oliver Twist

O livro que apresentei "Oliver Twist" de Charles Dickens, retrata muito bem a sociedade e a pobreza extrema que se vivia no século XIX. 
A personagem principal deste livro é Oliver, que é uma criança órfã. O livro é baseado nas aventuras e nas dificuldades que ele passa ao longo da sua infância, mas também as pequenas vitórias que ele vai alcançando.  
Apesar de Oliver ser uma criança que passa por muitas dificuldades, ele tem sempre presente as amizades que ele faz no orfanato, em especial a amizade que estabeleceu com o Ricardo porque, apesar de se terem afastado e da vida do pequeno Oliver ter tido grandes mudanças, o que é facto é que quando o este se encontra bem na vida, ele não se esquece do amigo e deseja encontrá-lo para poder partilhar a sua fortuna e a sua felicidade com ele.  
Outro aspecto visível neste livro além do valor da amizade é também as falsas aparências. É possível observar que logo nos primeiros capítulos do livro, a senhora que se encontrava encarregue do orfanato e que por sua vez tratava muito mal as crianças que nele habitavam, tornava-se na pessoa mais carinhosa sempre que o proprietário desse orfanato aparecia. Ela tratava de ser a pessoa mais carinhosa e afectuosa possível. Outro caso que retrata muito bem essa ideia de falsa aparência é quando o senhor Sowerberry (que acolhe por um período de tempo o Oliver para o ajudar no negócio) diz que merece ter um pobre a trabalhar para ele e para o ajudar, visto que dava frequentemente dinheiro aos pobres, ou seja, ambas as personagens são alguém diferente do que realmente são de modo a agradarem a sociedade, independentemente das acções que fazem. A dona do orfanato faz-se de carinhosa e cuidadosa com as crianças e o senhor Sowerberry de caridoso por dar esmola aos pobres, quando depois acaba por querer  um a trabalhar para si.  
Um outro aspecto que me deixou surpreendida foi o facto de o narrador intervir algumas vezes, mas em diálogos não muito relacionados com o livro e com a acção. Por exemplo, no início de um capítulo, o narrador faz uma introdução de uma página sobre mudança de acção nos teatros e dos bobos que costumam animar os espaços vazios quando se está a trocar as cenas e, no final, ele afirma que aquilo que ele acabou de dizer não é muito importante e que é desnecessário, mas que é só para avisar que se vai voltar à terra natal de Oliver. Ou seja, o narrador faz um imenso discurso que ele próprio acha dispensável, só para nos avisar de algo que podia estar no título do capítulo ou de uma forma mais subentendida.
Em suma, é um livro que aparentemente não parece muito cativante, até pela quantidade de desgraças e de problemas que acontecem, mas que nos faz reflectir na vida e na sorte em que temos de podermos ter comida, roupa lavada todos os dias e um carinho de uma família.  

Se isto é um Homem, Primo Levi


Este livro é a experiencia pessoal de Primo Levi, um judeu italiano, durante o Holocausto.
            Pessoalmente gostei bastante do livro e acho que este nos dá noções do mais geral para o particular à cerca deste período de tempo, e isso desperta-me um grande interesse.
            Notei que este livro apesar de se basear num assunto intolerável, atroz, está escrito de maneira bastante clara e fácil, o escritor não usa palavras de revolta e expressa todos os sentimentos e todos os acontecimentos de forma natural. Achei muito interessante o facto de o autor interagir com o leitor de modo a que este reflicta e se «coloque» na posição da pessoa em questão para compreender melhor o sofrimento e as situações pelas quais estas passaram. Numa breve passagem observamos um exemplo:«(…) e fizeram as malas, e de madrugada os arames farpados estavam cheios de roupas de crianças estendidas a secar ao vento; e se não se esqueceram das fraldas, dos brinquedos, das almofadas e das cem pequenas coisas que elas bem conhecem, e das quais os filhos sempre precisam. Não fariam o mesmo? Se amanhã esperassem ser mortos com o vosso filho, não lhe davam hoje de comer?»
            Deparei-me também ao longo da leitura que durante toda a experiencia de Primo Levi, este se dividiu em três fazes: a pergunta, a adaptação e a sobrevivência.
            A pergunta, apesar de estar principalmente marcada na primeira parte do livro, vai acompanhando o autor ao longo da sua experiencia. No inicio temos vários exemplos de perguntas como: «Para onde vou?» «Onde estou?» «Porquê eu?» «Que nal fiz eu?» «Onde estão os meus filhos, a minha mulher?» «O que me vai acontecer?». Todas estas são perguntas feitas e refeitas vezes sem conta, logicamente. Referi que estas perguntas estão sempre presentes pois o autor tem necessidade de ter sempre alguém em quem possa confiar e com esse alguém existe sempre troca de perguntas sem resposta num certo tom de desabafo entre eles.
            A adaptação é observada também no inicio da vida no campo de concentração. É a fase em que Primo Levi se adapta do sentido directo da palavra, aos horários, aos trabalhos, ao frio, ao calor, à organização. É toda uma nova «vida».
            Finalmente a sobrevivência, quando o autor ganha a consciência que qualquer descuido o pode levar à morte. É quando ele já tem noção que o mais pequeno pormenor é crucial à sua vida, como uma simples colher, um botão ou pedaços de papel.
            O título deste livro leva-nos a pensar na condição humana, que uma vez presente no nosso actual dia-a-dia, era inexistente nos campos de extermínio. A realidade à qual estamos habituados não nos faz lutar por uma colher ou desesperar pela falta dum botão na nossa camisa. Nós temos um nome, dignidade, direitos e poder de expressão. As nossas prioridades passam pelos nossos desejos. Contrariamente, ao lermos esta experiencia pessoal, vivemos outra realidade. Ninguém tinha direitos, dignidade, vida ou sequer um nome. Se isto é um homem? Posso certamente afirmar que não.

«Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não
Considerai se isto é uma mulher
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.»


" O Grande Gatsby"

“O Grande Gatsby” foi escrito por Francis Scott Fitzgerald em 1925 e retrata principalmente o sonho americano.
É um livro bastante popular nos EUA, tendo sido adaptado ao cinema.
A acção decorre em Nova Iorque e Long Island no Verão de 1922. Existem cinco personagens, Nick Carraway, sendo este o narrador; Jay Gatsby; Daisy e Tom Buchanan e Jordan Baker.
Este livro retrata a vida de Jay Gatsby do ponto de vista de Nick, retrata também os “Loucos Anos 20” que foi um período de grande prosperidade para os EUA.
Gatsby é um homem rico e misterioso que está constantemente a dar festas em sua casa. Ele tem como principal objectivo reencontrar o seu amor perdido de alguns anos atrás, Daisy, as festas de Gatsby pretendem chamar a atenção desta que vive do outro lado da baía. Podemos relacionar esta parte do livro com o sonho americano, pois uma das caracteristicas que podemos atribuir a este sonho é, lutar contra todas as adversidades, quando não há qualquer tipo de esperança. Assim, esta relação entre Gatsby e Daisy e o sonho americano é que quando aquele a conheceu era pobre e lutou e fez de tudo para se tornar rico, no entanto não foi da melhor forma, pois grande parte da sua fortuda vem da venda de alcool que nesta altura era proibida nos EUA (“Lei Seca”) e de outras actividades ilegais, esta obessão por querer ser rico deve-se ao facto de ele querer o amor de Daisy de volta e pensar que desta forma será muito mais fácil conquistá-la. Gatsby vive assim na ilusão de reviver o passado e querer alterá-lo.
Outra relação que podemos encontrar entre esta história e o sonho americano é que o sonho de Gatsby por Daisy é corrompido pelo dinheiro e desonestidade, pois estes não ficam juntos, assim como o sonho americano de felicidade e individualismo se tornou meramente em riqueza material, o que faz com que tanto o sonho de Gatsby como o sonho americano se desintegrem. Como o próprio titulo diz, “O Grande Gatsby”, este apenas é considerado de “Grande” porque ele tentou transformar os seus sonhos em realidade.
Outro dos temas abordados neste livro são as classes sociais e a sua divisão que é ilustrado pelos locais onde vivem, East Egg, onde vivem aqueles que sempre tiveram de dinheiro, através de heranças, que é onde vive Daisy e West Egg, onde vivem os novos ricos e seguidores do sonho do sucesso, onde vive Gatsby.
Deste livro, retiro principalmente duas frases, são estas, “As impressões nem sempre são correctas, num mundo de aparências”, que se pode interpretar em como naquela altura, e ainda hoje, apenas interessava a aparência exterior das pessoas e os bens que possuiam, fazendo-se assim a sua caracterização. A outra frase que retiro deste livro é aquele com que o livro acaba, “ Assim vamos persistindo como barcos contra a corrente, incessantemente levados de volta ao passado”, que podemos de certa forma dividir em duas partes, a primeira “Assim vamos persistindo como barcos contra a corrente”  que fala dos “loucos anos 20” em que as pessoas bem nascidas podiam aproveitar a vida ao máximo ou as que não tinham o mesmo berço tinham o sonho e a possibilidade de se fazerem assim mesmo (self made man); a segunda parte, “... incessantemente levados de volta ao passado” que quer dizer que no final da década de 20 todo este ambiente de festa acaba com a crise da bolsa americana, parecida com a dos dias de hoje e com isso, acaba o sonho.




"Terna é a Noite"


“Terna é a Noite” de Scott Fitzgerald. A obra foi escrita em 1934 e contem influências biográficas. A acção decorre fulcralmente na Riviera Francesa, numa época de cepticismo e valorização exacerbada dos prazeres materiais, e narra a história de um delicado relacionamento que se estabelece entre um médico (Dick) e paciente (Nicole), quando estes se tornam um casal. Nicole encontra-se no apogeu da sua beleza e constitui uma das famílias mais ricas dos EUA. Possui uma personalidade misteriosa que atrai os que a rodeiam, contudo, as pessoas vão-se apercebendo do seu tratamento inseguro e do raciocínio desorganizado, gerado pela esquizofrenia. A doença agravou quando Nicole era adolescente e foi violada pelo seu pai, o que fez com que esta perdesse a confiança nos elementos do sexo masculino. Esta confiança é reconquistada com a ajuda de Dick. Dick é um jovem e brilhante psiquiatra que se apaixona por Nicole durante o internamento desta. O desgaste acumulado pelo seu trabalho e pela doença da mulher, acabam por afectar o seu equilíbrio psíquico e vai de certa forma ajudá-lo a precipitar-se na dependência do álcool, que usa como anestésico emocional. O casamento destes tem algumas turbulências, causadas principalmente pelas paixonetas de Dick, que por vezes se tornam num caso, como por exemplo, com Rosemary.
Fitzgerald é considerado um dos maiores escritores americanos do século XX, tendo vivido nos Loucos Anos 20 ou Era do Jazz. Esta obra reflecte claramente o estado de espírito da época, uma época de grande prosperidade e liberdade, animada pelo som do jazz e pelo papel da mulher na sociedade. É nesta altura que a mulher começa a ganhar mais liberdade; “Todas se sentiam felizes num mundo de homens. Preservavam a sua individualidade através deles e não por oposição a eles”. Ou seja, nos anos 20, o enquadramento tradicional que era atribuído à mulher era o de esposa e cortesã, sem haver lugar para uma alternativa. Todavia, estas aceitavam isto sem qualquer objecção, o que já não podemos verificar hoje. Actualmente, existe uma certa competitividade entre o sexo masculino e feminino e não é de todo uma ideia concebível para a mulher nesta época. Aceita-se esta dependência dos homens, por prazer, sem asas a qualquer contestado. Durante a obra podemos verificar isto em personagens como Nicole Diver e Mary North. Contudo, há uma personagem que foge a este padrão; Rosemary. Esta, segue o seu caminho autonomamente, sendo projectada pelo estrelato. Foi educada para trabalhar e não para casar e a sua mãe, sua agente, influencia-a e manipula-a de modo a obter tudo o que quer. Rosemary foi assim educada para o trabalho e não para casar. Apesar desta educação, é muito romântica, ingénua e ilógica. Podemos confirmar isto, quando esta se apaixona por Dick, e em vez de pensar por si, recorre à sua mãe e pergunta-lhe o que fazer, pede a aprovação da mãe. E por não saber o que é o amor, pois nunca antes se tinha sentido assim, compara o seu amor pela mãe, pelo amor que tem por Dick e caracteriza-os como iguais.
Para ser sincera, tudo na obra me agradou, desde as mais exuberantes festas às situações mais caricatas, contudo o excerto que mais me marcou foi durante o diálogo do pai de Nicole e o médico desta, quando esta vai ser internada. Marcou-me pelo facto de me identificar com o que subjectivamente retirei daí. Esse pequeno excerto traduz a nossa sociedade. Vou passar a explicar. Ao longo do diálogo podemos aperceber-nos da verdadeira personalidade do pai da jovem; ser vaidoso e egocêntrico, excessivamente preocupado com a imagem e o estatuto. Nas falas de ambos, reparamos em falhas, contradições e mentiras, que constroem a máscara que este usa, e que ao fim ao cabo caracteriza a sociedade, não só naquela época, mas também actualmente. Se pensarmos bem, chegamos à conclusão de que as pessoas se escondem constantemente atrás de uma máscara, de modo a ocultar as suas fraquezas. Fazem isto, pelo medo excessivo de serem rejeitadas e tornam-se naquilo que é agradável aos olhos dos outros e não no que verdadeiramente são. Na minha opinião, isto sucede pois as pessoas necessitam de ser compreendidas. E por detrás do que geralmente aparentam, bem-estar, está um mundo de falsidades e ilusões. As pessoas vão-se adaptando às situações que encontram à sua frente. Todavia, eu penso que isto faz parte da natureza humana. Claro que existem pessoas que se mascaram de uma falsidade colossal, contudo, outras apenas o fazem, pois faz parte dos papéis que temos de desempenhar ao longo da nossa vida e agimos de forma diferente, pois a sociedade assim o exige, exige comportamentos diferentes do normal. Temos de nos moldar ao espaço em que vivemos e essa é a verdade, é preto no branco.
Concluindo, posso apenas acrescentar que é um livro que vale a pena ler, não só pelo contexto histórico, que por si só é algo de extraordinário, mas também pelo facto de Fitzgerald ser um autor de referência e por o livro tratar de assuntos que dão que pensar, de uma maneira muito subtil, misturando relações amorosas, as suas turbulências e a caracterização da sociedade. Queria apenas partilhar um excerto do texto, sem quaisquer explicações. Na apresentação foi um dos tópicos de que falei, mas a turma não esteve presente, por isso, vou deixar-vos tirar as vossas próprias conclusões e reflectirem sobre o assunto. “O seu amor por Nicole e Rosemary, a sua amizade por Abe North, por Tommy Barban, no universo despedaçado do fim da guerra – parecia que de tal maneira estas pessoas se haviam agarrado a ele que ele se havia transformado nelas próprias -, davam-lhe a sensação de que deveria apoderar-se de tudo ou de nada. Era como se estivesse condenado até ao fim da vida a carregar consigo o ego de certos seres, que em tempos conhecera e amaram, e a só ser completo na medida em que eles próprios o fossem. Havia em tudo isto um toque de solidão – era tão fácil ser amado e tão difícil amar.”

"O livro da Rosa"

Apresentei o livro "O nome da Rosa" De Humberto Eco. A acção desenrola-se numa abadia por volta do século XIV. O narrador, que participa na história como personagem, é um noviço que acompanha o seu mestre a uma reunião da igreja católica. No local desta mesma, ocorrem diversos crimes e estes vêm-se envolvidos na sua resolução. Destaquei três tópicos fundamentais após a minha leitura: o conhecimento, a religião e o riso. A abadia possuía das maiores e mais recheadas bibliotecas existentes naquela época, mas apenas o bibliotecário tinha acesso a esta mesma. Os monges requisitavam os livros e a entrega destes estava sob a vigilância do abade que tinha o poder de aprovar ou negar o seu empréstimo. Este tópico está ligado a uma limitação a nível do conhecimento, pois, não interessava ao abade que os monges questionassem a verdadeira doutrina ao lerem livros pagãos que continham ideologias bastante distintas das católicas. A história é essencialmente religiosa e podemos destacar várias discussões entre os monges sobre a corrupção existente tanto no alto como no baixo clero. O baixo clero está dividido em dois grupos: os que entram na igreja de modo a ascender socialmente e que não crêem na verdadeira doutrina e os que tomam como opção viver na pobreza, como Jesus. Ainda dentro do tópico da religião existe outro tema bastante abordado: a distinção entre o bem e o mal, ou seja, o paraíso e o inferno e as acções que verdadeiramente conduzem a cada um destes. Surge-nos então o conceito de Anti-Cristo (diabo) que nos remete para as superstições pertencentes aos monges, que ligam as mortes à chegada do demónio. A abordagem do riso surge relacionado com um livro cómico de Aristóteles. As mortes ocorridas estão relacionadas com a protecção e ocultação deste livro, pois a pessoa que se encontra por trás dos homicídios, considera que o riso mata o medo e que sem meto não existe fé, ou seja, se não tivermos medo do diabo a religiosidade deixa de ter qualquer sentido. O livro é então uma ameaça à Igreja Católica.
Por fim, expliquei as razões que tornaram o livro muito interessante e apelativo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

'Ficções' Jorge Luís Borges

'Ficções' é uma compilação de contos e narrativas que se divide em duas partes. O conto que mais me agradou foi o do ‘ Jardim dos Caminhos que se bifurcam’.
Esta história trata um relato policial, ocorrente durante a 1º Guerra Mundial. A personagem principal é Yu Tsun. Este vive na China mas é espião que tem como missão dizer ao seu país natal, a Alemanha, a cidade que eles têm de atacar. Assim a personagem principal faz um plano de maneira a conseguir dizer o nome da cidade ao seu chefe sem que seja apanhado pelas autoridades no país onde ele se situa. Assim ele decide fugir e procurar a única pessoa que podia transmitir o nome da cidade. Assim ele foge e vai para uma pequena aldeia onde habita esse senhor. Ao ir para lá, dá por si a pensar num antepassado seu, que renunciou toda a sua fama e carreira para fazer um livro e um labirinto. Segundo o seu antepassado, ele queria ser capaz de fazer um labirinto onde todos os homens se perdessem. Mas até aquela altura nunca se tinha descoberto o livro, nem o labirinto. Depois de muito andar, Yo tsun chega a casa do senhor, que se chamada Albert. Este, ao vê-lo, perguntou lhe se ele queria ver o jardim dos caminhos que se bifurcam, Yu tsun ficou espantado e disse que esse era o labirinto do seu antepassado. Albert conta-lhe a história do jardim e do seu antepassado.

No final do conto, a personagem principal acaba por matar Albert, saindo no jornal a noticia. Assim a Alemanha percebeu que a cidade que eles deveriam atacar tinha por nome ’Albert’, sendo o assassinato apenas um enigma.
O mote desde conto está no projecto de Tsui pen, o antepassado. Este tinha o objectivo de criar um livro e um labirinto que na verdade eram apenas um objecto,este era um romance caótico que sugeria uma bifurcação no tempo, e não no espaço, ou seja. Na nossa realidade, em que tudo acontece de uma forma linear, de forma lógica e racional, num acontecimento normal , quando o homem , perante varias opções escolhe uma, elimina todas as outras opções, mas segundo tsui pen, o homem perante várias opções opta simultaneamente por todas criando assim várias dimensões divergentes, convergentes e paralelas, resultantes das varias opções. Assim são criados diversos futuros em que todas alternativas podem ocorrer, sendo o ponto inicial para outras bifurcações. Transcrevo do livro:
'Em todas as ficções, cada vez que um homem se defronta com diversas alternativas, opta por uma e elimina as outras; na do quase inextricável Ts’ui Pen, opta — simultaneamente — por todas. Cria, assim, diversos futuros, diversos tempos, que também proliferam e se bifurcam’.
Este livro remete-nos para a importância que cada escolha tem, cada escolha tem consequências positivas  e negativas, sendo assim importante a deliberação em cada escolha. Se o labirinto de Tsui Pen fosse possivel, a deliberação não existiria , tirando a importância de cada escolha.

O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas

A acção decorre em França, nos tempos de Napoleão. A historia centra-se em Edmond Dantés, um jovem marinheiro que aspira ser promovido a capitão e casar com Mercedès. Infelizmente existem duas pessoas que desejam o seu insucesso: Danglars, que quer ser capitão e Fernand que está apaixonado por Mercedès, sua prima. Os dois rivais decidem escrever uma carta de acusação contra Edmond, por colaborar com o exilado imperador Napoleão e enviam-na para as autoridades.O vizinho de Edmond, Caderousse, ouve a conversa mas a cobardia impede-o de agir e ajudar Edmond quando este fica em apuros.Quando é preso, Edmond é levado á presença do assistente de Juiz, Monsieur Villefort (filho do destinatário da carta que Edmond foi buscar à Ilha de Elba, a mesma que originou a sua prisão).A principio,Villefort simpatiza com Edmond e promete ajudar,mas quando descobre que o seu pai está envolvido num plano para assassinar o Rei, decide enviar Edmond para a prisão de If,para ninguem o voltar a ver. Passam quinze anos até Edmond conseguri fugir da prisão, nesse tempo conhece o Abade Faria, um estranho idoso, que se converte num segundo pai e melhor amigo de Edmond. O Abade concede a Edmond um mapa com um tesouro e ensina-lhe línguas, matemática, fisica e outras disciplinas que virão a provar-se uteis no futuro. Juntos planearam fugir da prisão, mas uma vez que a idade não perdoa, o Abade Faria faleceu, antes de conseguirem concretizar o plano. Uma vez fora da prisão, Edmond reinventa-se e converte-se em três personagens: Abade Busini, Lorde Wilmore e Conde de Monte Cristo.O seu objectivo é vingar-se daqueles que o encarceraram, mas primeiro tem que se infiltrar na sociedade. Danglars é agora Barão e banqueiro,um dos mais importantes de Paris. Fernand é Conde de Morcef e casado com Mercedès com quem teve um filho, Albert. Villefort é juiz do Rei e Caderousse converteu-se num depravado ladrão. O seu charme, exotismo e dinheiro que ganhou graças a informações do Abade ganham a Edmond um lugar na aristocracia Parisiense onde se move e planeia a sua vingança.
O tópico central deste livro é a vingança e os limites da justiça humana, existindo também presentes sentimentos como o ódio, a solidão, a extrema felicidade e a absoluta tristeza.
Penso que de certa forma é possível relacionar este livro com o livro "Alice no País das Maravilhas". Ambos tratam, um mais do que o outro, do tema justiça. Na obra "Conde de Monte Cristo"  no caso de Edmond, pois foi-lhe armada uma cilada e dessa forma foi preso injustamente, visto que não tinha feito nada de errado. Na "Alice no País das Maravilhas" temos injustiça no que toca ao facto da Rainha mandar decapitar os seus servos por razões sem sentido, como pintar as rosas de cor errada.
Daquilo que li deste livro posso concluir diferentes pontos de vista e diferentes ideias acerca de justiça. O mundo é feito de injustiças e por vezes nada podemos fazer para mudar, o que não se aplica a Edmond, a personagem principal deste livro, que após 15 anos na prisão, decide fazer justiça pelas próprias mãos.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Palácio da lua de Paul Auster

Palácio da Lua”, aqui esta um livro que não me constou a ler, apesar de não conhecer o autor, Paul Auster passou a ter uma grande admiração da minha parte. A história centra-se no processo de crescimento do jovem Marco Fogg, a um passo do estado adulto. Um processo com que me identificai bastante. O Paul Auster retrata um jovem que nunca conheceu o pai, e mãe morre muito cedo, ainda ele é uma criança, e que acaba também por perder o único parente que ainda lhe resta, o tio. Tudo isto torna Marco num rapaz muito monótono. Contudo Fogg torna-se um jovem muito inteligente, e usa essa inteligência não para ter um futuro garantido, um bom emprego, mas para o seu próprio prazer, sendo esta uma das características que o torna num adolescente “anormal” ou seja, diferente. Fogg faz uma viagem ao longo do livro (reflexão) sobre si mesmo, onde transforma a própria vida na busca de respostas, na procura da sua identidade. As suas viagens, contudo, não são pelo mundo fora, mas através de si próprio, da sua natureza, às suas forças e fraquezas e aos mais básicos conteúdos da sua natureza humana. Mas não é só da sua vida que se trata. São vários os momentos em que o narrador se esquece de si próprio para nos contar a história dos personagens que cruzam o seu caminho: o tio Victor, com as suas excentricidades, Thomas Effing, o velho louco que se esconde de um passado intenso, Solomon Barber com os seus segredos e a história do seu fracasso.
O livro não só fala da procura da identidade, mas também da solidão humana, e dos seus efeitos nas pessoas. Sobre este assunto o autor da duas na vida, uma em que dá exemplos de personagens que vivem ao redor da solidão, e outro em que ultrapassam a solidão.
O livro traz uma importante mensagem, o autor dá a entender que a sociedade vive segundo regras, e quando alguém como Marco, tenta viver a sua vida segundo as suas expectativas e vontades, este é criticado e chega mesmo a ser rejeitado.
Por fim, a minha opinião, a maior mudança que se dá em Marco Fogg é o facto de este aprender a saber viver, no inicio este era apenas alguém a quem lhe tinha acontecido demasiadas coisas más, e não conseguia continuar a sua vida, no fim do livro isto muda, este aproveita-as coisas más tornando-se mais forte, e encontrando um significado a sua vida. O facto de ele no fim do livro se encontrar na mesma situação de o inicio do livro em que acaba sem dinheiro, sem casa, sem ninguém, mas tento pensando de maneira diferente, dando importância as coisas mais insignificantes. Este livro cativou me de um modo que não esperei, pelo modo como autor descreve as personagens, como fala de vida, da desgraça, da morte. Do modo como me fez pensar na vida, no qual não devemos viver como se deve, mas tentar viver a nossa maneira.

A Morte de Ivan Ilitch

A Morte de Ivan Ilitch é um romance e é uma obra que retracta a vida de Ivan e a sua agonia diante a sua doença terminal (causada pela sua queda). Este teme a morte pois percebe que a sua vida deveria ter sido mais proveitosa, sincera e menos fútil. Este livro é considerado uma das obras universais pois as suas inquietações e a suas angústias pertencem à vida de qualquer ser humano, acaba por ajudar-nos a reflectir sobre a nossa fragilidade e sobre o momento final que encerra a nossa existência, a morte. É uma autobiografia do autor (Leon Tolstoi).
Como já disse na minha apresentação, não irei fazer um resumo do livro porque irei tirar a sua essência para alguém que o queira ler mas posso pelo menos dar uma ideia.
A narrativa inicia-se num velório, com os pensamentos de todos os seus colegas, de seguida fala do seu casamento com a sua esposa e quando era feliz com esta e com os seus dois filhos. Torna-se um juiz respeitado, sobe de cargo e tem uma oferta para morar noutra cidade, é obrigado a comprar uma nova casa e muda-se sozinho para ela decorando-a a seu gosto para poder estar preparada quando a sua família chegar. Ao decorá-la tem uma queda violenta na escada e magoa-se brutamente na zona do rim, desde aí vê-se deparado com uma doença mortal no rim e para alimentar a má situação as brigas com a sua mulher agravam e começa a usar o seu emprego como refugio, com o passar do tempo, a sua doença piora e impossibilita-o de trabalhar e de desempenhar bem as suas funções, é obrigado a despedir-se, e nos últimos tempos de vida apega-se muito ao seu criado, visto que ele é o único que se dá com Ivan pelo que ele é e não pelo que ele tem, e por fim acaba por morrer.
Ou seja, mal a narrativa se inicia sabemos logo que Ivan morreu e com o seu decorrer é que percebemos pormenorizadamente como é que tal coisa foi acontecendo.
Ivan percebe então que a sua vida quanto mais se encontra afastada da sua infância mais vazia foi ficando e que toda a sua família, emprego e amizades não passavam de uma ilusão, excepto o seu criado, como já antes referi, que teve com ele nos piores momentos de sofrimento. A sua agonia era horrível devido à sua falta de resposta, ao seu medo da morte e principalmente à sua grande vontade de viver.
Na minha opinião, conforme a leitura se aprofunda encaramos na morte da personagem o reflexo da nossa própria existência e os problemas diários em que nos deparamos.
É uma obra bastante interessante e aconselho todos a lerem o livro, porque qualquer pessoa consegue tirar uma pequena lição de como deve ver e lidar com a vida e que por vezes não basta ser-se rico materialmente mas também ser-se rico espiritualmente.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

As Aventuras de Robinson Crusoe

Este é um livro que tem a questão Religiosa muito presente ao longo da ação.
Robinson Crusoe é um um homem muito religioso que encontra na fé uma forma de se manter são. Deus tornasse mais do que o seu senhor. Deus torna-se o seu companheiro de viagem. É com Deus que ele conversa. E quando aqui digo conversa, não o digo no sentido religioso. Rezar não é de todo o mesmo que conversar. Deus aqui foi um bom ouvinte e conseguiu ser uma maneira de Robinson convencer-se de que não está a ficar maluco. Ao conversar com Deus evitou conversar sozinho, o que para muitos (inclusive eu) é o mesmo, é de facto algo totalmente diferente.
Ora vejamos, na sociedade atual conversar sozinho é considerado loucura, mas com Deus a coisa muda. Até porque mesmo para alguém que seja ateu (volto a referir, como eu) tem no seu subconsciente a figura de Deus como algo que pode não existir, mas a verdade é que existe, sendo tudo isto muito difícil de explicar com precisão. Eu mesmo ao ler o livro pensei várias vezes se não faria o mesmo. Mesmo não acreditando em Deus eu iria com certeza conversar com ele, e isso é o suficiente para manter a sanidade e sobreviver, tal como Crusoe, vinte e oito anos "isolado".

As Vinhas Da Ira - Filme (resumo)

http://www.youtube.com/watch?v=pbL4bXPDyFg&feature=related

“As Vinhas da Ira” – Análise e crítica


“As Vinhas da Ira”, eis um livro que vale a pena ler, toda a história está centrada numa família modesta e muito humilde do Oklahoma, (região rural situada no interior dos EUA). Todo o enredo desenrola-se no desespero dessa família que vê uma imensa crise tomar de assalto o pouco que tinham, assim decidem partir em direcção à prosperidade do oeste (Califórnia).
Todo o processo de decisão e da viagem longa e sofrida pressupõe os princípios mais primordiais e também complexos da natureza, são eles: mudança e sobrevivência.
Na natureza, nada se cria, nada se destrói, tudo se transforma. Na vida se existe algo constante é a mudança, mudamos de feitio, costumes, modas, dieta etc. É a lei essencial da vida, para haver subsistência é necessária a mudança, ou seja, adaptação são princípios que Darwin afirma tão confortavelmente, verdade é que todos nós somos testemunhas desta evidência.
A parte que mais me toca é quando eles abandonam quase desprevenidos a sua casa, em troca de algo incerto e a narrativa empregue faz me lembrar de quando o meu avô me sentou ou no seu lado e contou durante horas a fio toda a história da sua vida, e lembro-me particularmente quando ele afirmou que abandonou a sua terra natal em troca de algo melhor, algo incerto, porque as certezas que até lá tinha eram de miséria e de uma existência pouco ideal, tal como a família que faz parte desta incrível história tão icónica da sociedade americana, que até foi produzido um filme em 1940.
Pena, na nossa sociedade não se atribuir o devido valor desta mudança, pena não haver uma obra literária equivalente a esta. Pois não só aprenderíamos a dar valor à coragem e determinação inspirada pelo medo da miséria e fome, assim como absorvíamos parte da herança cultural que até hoje tem sido ignorada pela maioria de vós. Não olhais a meios para obter algo, e não vos preocupais inclusive a tomar um plano para lá chegar, apenas o desejo que vos tomou cega de tão bruta e rude maneira que nada interessa, nos dias que nós passamos creio que é importante escutar os que mais sabem, mais sentiram para que seja possível obter o nosso pedaço do paraíso do modo mais virtuoso possível é isto que o livro me fala com um tom incrivelmente familiar e sábio. E esse tom, fala-me de vida, mudança, desgraça, fortuna, experiência e sobretudo evolução.
Enquanto pessoa, posso afirmar que este livro fez-me crescer.